Os governos já gastaram mais de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) global para dar liquidez e salvar os bancos desde abril, o equivalente a mais de quatro vezes o tamanho da economia brasileira. Mas a crise fará com que os bancos em todo o mundo acumulem perdas equivalentes a dois “Brasis”, cerca de US$ 2,8 trilhões. E o próximo capítulo da turbulência mundial pode ser justamente a contaminação dos mercados emergentes, o que ampliaria as perdas dos bancos nos países ricos. A avaliação é do Banco da Inglaterra, o BC britânico, que vê a instabilidade das últimas semanas como a pior da história. O banco ainda teme pela saúde das economias emergentes, que não conseguiram evitar a crise criada nos países ricos.
Numa nova etapa da turbulência, a instabilidade nos emergentes – que acreditavam estar imunes – pode alimentar ainda mais os prejuízos no sistema. Segundo os ingleses, o volume do prejuízo deve ser duas vezes maior do que calculava há cerca de um mês o Fundo Monetário Internacional (FMI). O pior, segundo a análise dos britânicos, é que a crise ainda não chegou ao fim e mais prejuízos podem ocorrer, mesmo com a ajuda dos governos.
Segundo os cálculos, as perdas equivalem a 5% do PIB mundial. O maior prejuízo ficará com os americanos: US$ 1,57 trilhão apenas nos bancos, o dobro do que se imaginava. Na zona do euro, serão 784,6 bilhões de euros. Só no Reino Unido, os bancos perderão quase US$ 300 bilhões, contra uma previsão inicial de US$ 130 bilhões. “O sistema bancário global enfrentou seu episódio de maior instabilidade desde o início da Primeira Guerra Mundial”, disse o relatório mensal do BC britânico. O vice-presidente do banco, John Gieve, foi além e afirmou que é a “pior crise de que se tem lembrança”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.