O novo modelo do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) deverá entrar em funcionamento no início de 2006. Essa é a expectativa do secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do governo federal, Márcio Portocarrero, que se reuniu na semana passada com representantes da Comissão Européia de Proteção da Saúde e do Consumidor, em Bruxelas, para debater normas de rastreabilidade animal.
De acordo com Portocarrero, a União Européia exige a carne certificada e quer que os animais sejam identificados individualmente desde o nascimento até o abate. ?O resultado da reunião em Bruxelas foi muito positivo porque deu uma clareza muito grande do que é preciso fazer para se adequar às regras da União Européia e conquistar novos mercados?, afirmou o secretário.
Segundo ele, na reestruturação do Sisbov, não será descartada a possibilidade de trabalhar com a rastreabilidade por lote. Essa opção será dada ao produtor que quiser exportar carne para outros mercados que não façam a exigência da identificação individual.
?O rebanho brasileiro, de 190 milhões de animais, é muito grande e não pode haver uma regra única?, afirmou Portocarrero.
As reuniões com autoridades da União Européia contaram com a participação de representantes do setor privado brasileiro, o que, segundo o secretário, foi importante. ?Os produtores entenderam que é preciso fazer uma grande parceria (setor público e privado) para conquistar novos mercados?, disse.
Cota Hilton
Além da questão da rastreabilidade, nos encontros com representantes da União Européia foi debatida também a questão da Cota Hilton. O Brasil tem uma cota de 5 mil toneladas de carne de altíssimo padrão para vender para a União Européia. Para ser incluída nessa cota, a carne deve ser de animal alimentado apenas de pasto, não pode ser animal velho, e há regras de criação que devem ser respeitadas. Segundo Portocarrero, no inverno, os produtores têm dificuldade em alimentar o gado apenas com pasto, o que acaba inibindo a exportação desse tipo de carne.
No encontro em Bruxelas com o grupo técnico da União Européia que trata dos padrões técnicos agropecuários, ficou acertado que, no inverno, esses animais poderão receber suplementação alimentar com produtos vegetais, como a cana-de-açúcar.
Isso foi um avanço, na opinião do secretário, porque permitirá que mais produtores possam se especializar na produção dessa carne de altíssimo padrão, que tem preço diferenciado no mercado internacional. Segundo ele, o ministro Roberto Rodrigues deverá divulgar um ato ministerial estabelecendo essas novas regras de manejo.