Diante da elevação da taxa de juros Selic e do aumento da taxa de juros de longo prazo (TJLP) e da perspectiva de novos aumentos, o governo e o setor de concessões rodoviárias avaliam os impactos das mudanças na rentabilidade das concessões, para discutir uma elevação na taxa interna de retorno (TIR), comentou o presidente da Arteris, David Díaz. “Governo e ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) têm interesse em revisar as taxas de retorno”, disse.

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“No setor de energia já aumentou a taxa de rentabilidade como consequência do aumento da taxa de juros”, lembrou, referindo-se à mudança na TIR para os novos projetos de linhas de transmissão e na elevação do WACC (Custo Médio Ponderado do Capital)para as distribuidoras no quarto ciclo de revisões tarifárias.

Díaz comentou que o aumento da TIR em discussão contemplaria novos projetos, novos aditivos, mas também contratos existentes, em especial no caso de concessões com obras previstas e atualmente em fase de negociação de financiamento, como é o caso da concessionária controlada da Arteris Régis Bittencourt, que está buscando financiamento junto ao BNDES para investimentos adicionais na duplicação da Serra do Cafezal.

“Tem mudança muito significativa nas condições de financiamento (em relação às premissas de quando os contratos de concessão foram assinados), em particular para os projetos que estão buscando financiamento agora, como Serra do Cafezal”, disse, lembrando que a concessão da Régis é de 2008. “Quando contratamos, tínhamos uma previsão diferente da TJLP.”

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A TJLP, que já foi elevada de 5% para 5,5%, deve passar por um novo aumento a partir de abril. “O que vão fazer não sabemos, mas foi divulgado pelo Ministério da Fazenda que querem reduzir a diferença entre Selic e TJLP”, comentou Díaz. “É evidente que um aumento da TJLP vai elevar o custo financeiro da Arteris, mas também de outras concessões, de portos, aeroportos, que têm financiamento no BNDES”, comentou.

Reequilíbrio contratual

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De acordo com Díaz, durante teleconferência com analistas, a Arteris buscará negociar aditivos contratuais, em decorrência do aumento de custos de obras previstas em suas concessões até o final dos contratos. O executivo foi repetidamente questionado sobre mudança na estimativa de investimentos da Arteris em suas concessionárias até o fim dos prazos de concessão, que ao término de 2014 somavam R$ 7,9 bilhões, ante os R$ 6,8 bilhões de 2013 – mesmo após a companhia ter investido no ano passado um volume recorde de quase R$ 1,9 bilhão.

A mudança faz os papéis da empresa despencarem hoje na Bovespa. O papel entrou em leilão, depois de recuar 25,11%, a R$ 8,80. Além da incorporação de investimentos adicionais, fruto dos últimos aditivos assinados no ano passado, o aumento foi provocado por uma elevação nos custos.

Segundo Díaz, a atualização dos investimentos a fazer inclui também verbas que foram reavaliadas, algumas porque não tinham projeto executivo, outras porque tiveram alterações e ainda por conta de aumento de custos. “Neste momento, com os projetos que temos no grupo, com os custos que temos neste momento, como asfalto, aço, concreto, isso está sendo refletido”, disse. “Mas a companhia está buscando compensação por parte desse aumento de investimento”, disse, evitando dar o porcentual de reequilíbrio que estaria sendo requisitado.

Ponte Rio-Niterói

A Arteris está avaliando o edital do novo leilão da Ponte Rio-Niterói, mas ainda não tomou uma decisão sobre sua efetiva participação, com a entrega de uma proposta. “O grupo tem interesse em crescer no País, vai continuar a crescer, mas está neste momento avaliando estudo de tráfego”, comentou Díaz. O leilão está marcado para o dia 18 de março, com entrega das propostas no dia 16.

Questionado sobre o eventual interesse em outros projetos de rodovia hoje em estudo no governo, Díaz disse que essa avaliação será feita quando o governo divulgar os estudos executivos e projeções de investimentos.