O governo rejeitou hoje o pedido dos servidores públicos de conceder um reajuste linear, ou seja, para todas as carreiras, de 14,75%. Só essa medida custaria R$ 19 bilhões, praticamente metade de toda a pauta de reivindicações apresentada ao governo, que soma R$ 40 bilhões. “Há restrição orçamentária”, argumentou o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva.
A recusa irritou dirigentes sindicais. “Isso é uma encenação”, reclamou Josevaldo Cunha, diretor do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), ao sair da reunião. Para a entidade, a decisão do governo demonstra a falta de interesse em construir uma política salarial para o funcionalismo. A entidade tem plenária marcada para os dias 6 e 7 próximos. “Estamos construindo a greve”, avisou.
Praticamente todas as entidades representativas do funcionalismo público aprovaram indicativo de greve, irritadas com a falta de resultados nas negociações com o governo. Elas começaram no dia 13 de abril, numa reunião com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. O período decisivo sobre o início ou não das greves é o início de agosto.
A Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) lidera uma paralisação há cerca de um mês. Por isso, ela foi excluída das negociações hoje com o governo. Duvanier argumenta que foi a própria entidade que recusou diálogo, ao iniciar a greve antes de as negociações começarem. Ele não descarta deixar outras entidades fora dos entendimentos. “Vamos avaliar caso a caso”.
De concreto, o governo avisou ontem aos sindicalistas que não dará reajuste linear. Mas continuará negociando, caso a caso, a recomposição salarial e ajustes em carreiras específicas. Não foi informado quanto há disponível para esses acertos.
O presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, disse que o resultado da reunião será analisado pela categoria no próximo dia 25 para então decidir um encaminhamento. Se por um lado a falta do reajuste linear não agradou, a disposição de negociar a recomposição em determinadas categorias foi bem recebida. Ele lamentou que o governo não tenha acenado com a possibilidade de construir uma regra de reajuste automático para o funcionalismo.