O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil tem como prioridade a eliminação dos subsídios e das grandes distorções do comércio internacional no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). O embaixador dos EUA no Brasil, John Danilovich, afirmou que a reeleição do presidente George W. Bush poderia acelerar as negociações para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Amorim, no entanto, disse que as negociações com a OMC são as prioritárias.

Amorim participou ontem da reunião de chanceleres do Grupo do Rio (criado em 1986 e que reúne 19 países das três Américas). O ministro disse que o grupo discute a criação de um acordo Mercosul-Comunidade Andina. Amorim destacou a importância desse acordo para o fortalecimento das negociações com blocos de comércio.

“Creio honestamente que, se tivéssemos começado o Mercosul e as conversas com a Comunidade Andina há três ou quatro anos, teríamos tido condições de ter uma posição comum dos latino-americanos frente à Alca”, disse.

O ministro acrescentou que prepara para a reunião em Cuzco (Peru) a criação da Comunidade Sul-Americana de Nações. Ele afirmou que a Alca deverá ser negociada tal como foi definido em Miami.

No ano passado, as discussões sobre temas em que não havia consenso entre Brasil e EUA, como compras governamentais, investimentos, propriedade intelectual e subsídios agrícolas, haviam sido adiadas para fevereiro deste ano, para serem retomadas na 17.ª reunião do CNC (Comitê de Negociações Comerciais), em Puebla, no México – que terminou em impasse.

Sobre o não-fechamento do acordo com a União Européia antes da retomada das negociações sobre a Alca, o ministro afirmou que um acordo não pode ser fechado a qualquer preço. “Não se pode fechar um acordo sem substância por um mero objetivo tático, que poderia nos deixar mais vulneráveis na negociação com a Alca.”

Presidentes

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, espera uma maior integração dos país latinos após o encontro do Grupo do Rio, formado por representantes de 19 países da América Latina, América Central e Caribe.

“Esperamos que avancemos em assuntos práticos e não simplesmente retóricos”, disse. O presidente do Chile, Ricardo Lagos, também tem boas expectativas com o resultado da reunião. “Estamos contentes com o encontro e seguros que com a liderança do Brasil vamos avançar em três frentes. A primeira delas é o Haiti, com que temos uma responsabilidade compartilhada muito importante. A segunda são os novos temas das relações comerciais e a terceira, a busca por uma posição comum sobre a reforma das Nações Unidas”, disse Lagos.

O presidente da Argentina, Nestor Kirchner, cancelou a sua vinda à reunião.

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