O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) divulgou nesta quarta-feira (1.°) a primeira projeção do ano para as exportações em 2009. A previsão é de que as vendas brasileiras ao exterior somem US$ 160 bilhões, número aproximadamente 20% inferior ao resultado de 2008, quando as exportações somaram US$ 197,9 bilhões. A estimativa do ministério é levemente superior à apresentada pelo Banco Central na terça-feira da semana passada, de US$ 158 bilhões em exportações este ano.
Se a previsão do MDIC se confirmar, o Brasil terá este ano a primeira redução das exportações ante o ano anterior desde 1999 (quando caíram 6,10% ante 1998). “Esta, realmente, pode ser a primeira queda das exportações ante o ano anterior. Mas esta também é a pior crise desde 1929”, minimizou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral. Desde 1999 as exportações apresentavam crescimento ano após ano, principalmente a partir de 2003. “Nesse período, o Brasil (exportações) cresceu mais do que outros países”, disse.
Barral avaliou a previsão como realista. Ele considera que essa estimativa não pode ser vista como excessivamente otimista, porque há resultados da balança comercial de apenas o primeiro trimestre do ano e os números referentes à safra ainda não saíram.
O ministério, segundo o secretário, aguarda a estabilização da economia internacional, para definir uma meta para as vendas de produtos brasileiros ao exterior. A diferença entre meta e projeção, segundo Barral, é que a primeira é um desafio para o governo e a segunda é o que se espera realmente que aconteça. “Aguardamos ações do governo e do setor privado para que as exportações sejam maiores”, afirmou.
China
O Brasil obteve em março superávit comercial com a China, de US$ 508 milhões, pela primeira vez desde setembro do ano passado. Naquela ocasião, o saldo havia ficado positivo em US$ 69 milhões. Segundo o MDIC, o resultado de março é o melhor com o país asiático desde agosto de 2008, quando o superávit somou US$ 586 milhões.
No primeiro trimestre de 2009, as exportações brasileiras para aquele país subiram 62,7%, ante igual período de 2008, passando de US$ 2,087 bilhões para US$ 3,395 bilhões. Com isso, dobrou a participação chinesa no total do comércio exterior brasileiro no período, passando de 5,4% – registrados de janeiro a março de 2008 – para 10,9% nos três primeiros meses de 2009.
De acordo com Barral, os principais produtos vendidos para a China no início deste ano foram minério de ferro, soja, aeronaves e açúcar.
Ásia
Para a Ásia como um todo, as exportações brasileiras no primeiro trimestre de 2009, em relação a igual período do ano passado, subiram 20,9%, passando de US$ 5,871 bilhões, em 2008, para US$ 7,098 bilhões. Com isso, a participação do continente asiático no total das exportações brasileiras aumentou, no período, de 15,2% para 22,8%.
América Latina
Por outro lado, caíram significativamente as vendas brasileiras para países da América Latina e Caribe – de US$ 10,590 bilhões registrados de janeiro a março de 2008 para US$ 6,922 bilhões em igual período deste ano, o que significou uma redução de 34,6%. Para o Mercosul, também houve diminuição – de US$ 4,799 bilhões para US$ 2,820 bilhões – um recuo de 41,2%.