Mesmo diante de uma das piores crises já enfrentadas pela indústria brasileira, o governo não tem planos de mudar a rota adotada até agora. A ordem é manter e ampliar os programas em vigor, com foco no aumento da produtividade. A avaliação na equipe da presidente Dilma Rousseff é que o mau desempenho do setor é fruto da crise internacional e que, se não fossem os estímulos adotados a partir de 2008, a situação estaria pior.
Esse foi um dos principais pontos de embate entre as propostas de Dilma e do candidato tucano Aécio Neves durante a campanha presidencial. A oposição dizia que não havia funcionado a estratégia do governo do PT de concessão de créditos subsidiados a grandes empresas e um volume elevado de desonerações tributárias. Os petistas acusavam os tucanos de serem contra qualquer tipo de política industrial.
A política industrial do segundo mandato de Dilma deverá ser organizada em torno de três eixos: mais investimentos, melhora na educação e mais ganhos de escala. Os mecanismos deverão ser os mesmos, mas a equipe pretende melhorar a governança.
Falta ainda implantar pontos da política industrial do atual governo, parte do Plano Brasil Maior, lançado em 2011. É o caso da criação do Fundo de Financiamento à Exportação (FFEX) e do Fundo Garantidor de Crédito à Exportação (FGCE). Além disso, neste ano faltou dinheiro para a principal linha de financiamento à exportação e equalização de taxas de juros, o Proex.
Duramente criticado pelos tucanos, o Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), que prevê crédito do BNDES a juros baixos, deverá prosseguir em 2015. No entanto, as regras ainda não foram definidas. Outro ponto de atrito na campanha foi o programa que permite ao governo comprar preferencialmente produtos nacionais. A equipe de Aécio previa uma revisão dessa linha. A equipe de Dilma, porém, pretende garantir que ela seja aplicada a todos os produtos – e não só a alguns, como fármacos e equipamentos de tecnologias da informação, como é hoje. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.