Brasília
– O governo quer reduzir em 40% o número de acidentes de trabalho no País até 2003, afirmou ontem o ministro Paulo Jobim, durante o lançamento da Campanha Nacional da Indústria para a Prevenção de Acidentes no Trabalho em 2002, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo Jobim, dados preliminares do governo indicam que 50% da meta proposta já foi atingida do ano 2000 até agora.Na campanha deste ano, cujo tema central é a responsabilidade social com a saúde e a segurança no trabalho, a CNI quer enfatizar as doenças crônicas não-transmissíveis, que apresentam altos coeficientes de mortalidade entre os adultos, como o sedentarismo, a hipertensão e a diabete. Nas campanhas anteriores, a preocupação da indústria era atingir os setores que mais registravam acidentes, como a construção civil.
O presidente da CNI, deputado Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP), disse que é preciso conscientizar o empresário dos custos decorrentes dos acidentes de trabalho sob a ótica da responsabilidade social e das repercussões para a imagem da empresa e da marca. Ele citou dados do Ministério da Previdência Social que indicam que o volume de recursos arrecadado os País para pagar essa conta, da ordem de R$ 1,9 bilhão ao ano, representa menos de 10% do gasto efetivo com o acidentado, que envolve o salário dos dias parados, a reabilitação, o pagamento de aposentadorias por invalidez e pensão para os dependentes.
De acordo com Moreira Ferreira os recursos financeiros, tanto do Estado quanto das empresas, que são desperdiçados para cobrir as consequências dos acidentes e doenças profissionais somam anualmente R$ 23 bilhões, o equivalente a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Sem esquecer dos avanços já obtidos, Moreira Ferreira afirmou que o Brasil ainda convive com mais de 300 mil acidentes de trabalho notificados a cada ano. Para o presidente da CNI, há muito ainda para ser feito, uma vez que apenas 3% das empresas do País contam com um programa adequado de segurança do trabalho.
Pelos últimos dados disponíveis, em 2000 ocorreram no Brasil 3.094 mortes e 14.999 casos de invalidez permanente em decorrência dos 376.240 acidentes de trabalho oficialmente registrados. O índice no Brasil é de 14,3 acidentes de trabalho por ano para cada 100 mil trabalhadores. Na França, esse índice é de 7,6, na Alemanha, de 5,5, e na Suécia, de 2,7.