Brasília (AE) – O governo prepara um grande bloqueio nas despesas do Orçamento para poder cumprir a meta de superávit primário (economia para pagamento de juros) de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) prevista para este ano. Segundo parlamentares membros da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, que ontem cedo se reuniram com o secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, para discutir a execução orçamentária deste ano, o contingenciamento poderia chegar a R$ 20 bilhões.
O deputado federal Carlito Merss (PT-SC), relator do Orçamento aprovado para 2006, afirmou que o corte deve ficar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões. O deputado federal Pauderney Avelino (PFL-AM) falou em R$ 20 bilhões. Fontes do governo confirmaram que está sendo discutido um corte de despesas que poderia ficar na faixa apontada pelo parlamentar petista.
Embora tenha evitado falar em número, Kawall admitiu que o governo estuda fazer um corte nas despesas previstas para este ano para viabilizar o cumprimento da meta fiscal. ?É uma questão que está sendo avaliada neste momento?, afirmou Kawall. Mais tarde, ao entrar no Ministério da Fazenda para uma reunião com o ministro Guido Mantega, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, reconheceu, sem falar em números, que o contingenciamento orçamentário será significativo e vai atingir quase todas as áreas do governo. ?Vai ser grande. Gostaria que não fosse tanto?, afirmou, após dizer que o decreto com o corte de despesas deverá ser publicado até a próxima quarta-feira.
Ele enfatizou que o tamanho do corte de despesas representará o volume necessário para que a meta de 4,25% seja cumprida. De acordo com o ministro, as emendas parlamentares coletivas (feitas por bancadas de partidos) estão no topo da lista de cortes.