Pouco mais de mil pessoas demitidas da mineradora Vale do Rio Doce nos anos 1990, quando a empresa era estatal, poderão ganhar em breve o direito de serem recontratadas como funcionários públicos. No início de agosto, a Comissão Especial Interministerial (CEI), formada para analisar casos de ex-funcionários públicos que alegam ter sido demitidos por perseguição política ou de forma irregular durante o governo Fernando Collor de Mello (1990-1992), vai julgar os processos dos antigos empregados da Vale. Como a mineradora é hoje uma empresa privada, os ex-funcionários anistiados deverão ser absorvidos pelo governo federal, engordando ainda mais a já pesada folha de pessoal do Executivo.
O caso da Vale não é único. Também aguardam julgamento na comissão pedidos de reintegração de cerca de 800 funcionários da Telebrás, antiga holding que controlava as companhias telefônicas estaduais antes da privatização. Há também milhares de pedidos de ex-funcionários dos ministérios e de órgãos extintos. Fora da CEI, há outras pressões por empregos no Estado. No Congresso Nacional, tramita um projeto de lei que, se aprovado, obrigará o Banco do Brasil a recontratar funcionários demitidos entre 1995 e 2002, durante o processo de incorporação, pela instituição, de bancos estaduais quebrados.
Há propostas ainda mais ousadas. O governo, porém, vem resistindo às pressões. O futuro dos demitidos da Vale, por exemplo, ainda não está claro. Embora a Advocacia-Geral da União (AGU) entenda que há base legal para as recontratações, a área econômica do governo tem dúvidas. Técnicos estranham o fato de a AGU não haver emitido um parecer formal sobre o tema.