O recorde de exportações no primeiro semestre do ano, com o total de embarques chegando a US$ 118,306 bilhões, pode levar a uma nova revisão da meta anual do governo para as vendas ao exterior em 2011. No início de maio, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, já havia elevado a meta original de US$ 228 bilhões para US$ 245 bilhões até dezembro.
As exportações brasileiras apresentaram uma expansão de 31,6% este ano, na comparação com os seis primeiros meses de 2010. O ritmo de expansão supera com folga a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de um crescimento de 18% nas trocas comerciais globais este ano. “A tendência é que o Brasil ganhe espaço no comércio mundial”, avaliou a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres. No ano passado, a participação do Brasil foi de 1,36%.
Mas o crescimento surpreendente das exportações em 2011 se deve principalmente ao contínuo avanço das cotações dos preços das commodities no mercado internacional. Tanto que o ritmo de expansão das vendas de produtos básicos chegou a 44% até junho, bem acima dos aumentos registrados em bens intermediários e industrializados, de 29,7% e 19,1%, respectivamente.
O carro-chefe dos embarques nacionais tem sido o minério de ferro, cujas vendas em valor no primeiro semestre superaram em 93% o desempenho obtido no mesmo período de 2010. No entanto, a quantidade vendida do produto só aumentou 4% nessa comparação, enquanto o preço da commodity aumentou 85%. O mesmo movimento ocorre com outros produtos importantes da pauta exportações, como petróleo, soja e café.
“Não sabemos se o aumento dos preços das commodities é conjuntural ou se é estrutural, devido ao aumento da demanda. Seria ingênuo da minha parte afirmar que é apenas especulação”, afirmou o secretário-executivo do ministério, Alessandro Teixeira. “Com a expansão das exportações a esse ritmo, é possível que haja uma nova revisão na meta de exportações no próximo mês”, acrescentou.
Teixeira destacou, porém, que além do forte aumento das vendas de básicos, as exportações brasileiras nos outros segmentos também estão acima da previsão do FMI. “O desempenho geral é acima da média mundial. Tivemos ganhos de eficiência e aumentamos o esforço de promoção comercial para inserir o Brasil de maneira mais forte”, completou.
Com um superávit comercial de US$ 12,985 bilhões nos primeiros seis meses do ano, nem mesmo as importações recordes de US$ 105,3 bilhões no semestre incomodam Teixeira. O valor superou em 28,5% o registrado até junho do ano passado. “Aqui não é o Ministério das Exportações, mas sim do Comércio Exterior. As importações seguem em um ritmo bom”, afirmou o secretário-executivo, ressaltando que mais da metade das compras brasileiras no exterior são de matérias-primas, bens intermediários e bens de capital necessários à estrutura produtiva do País.