Governo nega que haja recessão

Brasília

– A retomada dos investimentos depende da queda nas taxas de juros, mas só isso não basta. Para promover o espetáculo do crescimento no segundo semestre, o governo vai estimular, principalmente, o setor de infra-estrutura, diz o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega.

Quando se dará o espetáculo do crescimento como prometeu o presidente Lula?

Guido Mantega: No segundo semestre.

O País está na ante-sala da recessão?

Mantega:

Não, o País sofreu uma desaceleração, principalmente no segundo trimestre deste ano, o que já era esperado por causa da crise que sofremos no ano passado. Mas agora estamos compondo as condições para uma retomada.

Como o País vai crescer com desemprego alto e renda achatada? Quem vai puxar esse crescimento?

Mantega:

Quem vai puxar esse crescimento é o investimento. O País tem um setor dinâmico, que é o setor exportador e o de agronegócio. Mas tem carência de infra-estrutura. Então, é só você sinalizar e fazer algumas encomendas, dizer que precisamos de tais estradas, ferrovias, hidrelétricas, que o pessoal começa a investir.

O governo vai voltar às obras?

Mantega:

Já está voltando. O Ministério dos Transportes, por exemplo, acabou de receber um acréscimo de recursos. Ele tem, pelo menos, R$ 1 bilhão para gastar.

Essas obras serão, então, o indutor do crescimento?

Mantega:

Não é só isso. Ao baixar os juros, você reduz o custo financeiro e viabiliza uma série de empreendimentos que hoje estão inviabilizados.

O crescimento hoje depende da taxa de juros?

Mantega:

Depende.

O quanto depende?

Mantega:

Depende bastante. É necessário. Não é suficiente, mas é necessário.

Se o Copom mantiver os juros, na próxima reunião, compromete esse crescimento?

Mantega:

Não compromete. O Copom, quando considerar que a inflação está sob controle, vai baixar os juros e aí teremos as condições básicas para a retomada do crédito, a redução do custo do investimento. Ao mesmo tempo, vamos acoplar isso às ações do governo na área de crédito, na área fiscal… O setor privado quer investir, mas quer regras claras. Então, ao estabelecer as regras, o investimento volta. A demanda não é a mola do crescimento, é o investimento. E dinheiro tem. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), por exemplo, tem dinheiro para infra-estrutura, basta definir os projetos. Assim, você gera renda, gera demanda e vai estimular a economia.

Quanto o BID tem disponível?

Mantega:

São US$ 2,8 bilhões para infra-estrutura, para emprestar ao setor privado.

Podemos superar 2% de crescimento do PIB este ano?

Mantega:

No momento, prefiro ser modesto e dizer que 2% seria bom porque não é recessão. Eu descarto recessão. Há, sim, uma desaceleração. Agora se pegar só a taxa do segundo semestre, projetada, pode dar 3%, 4%.

E a política industrial?

Mantega:

A política industrial está sendo definida e vai ser apresentada em breve.

Quando?

Mantega:

Nas próximas semanas.

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