Foto: Arquivo/Agência Brasil |
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Guido Mantega: aumento e despesas na Previdência. |
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, refutou as críticas de que o governo estaria aumentando os gastos correntes da máquina ou perdendo o controle das contas públicas. ?Do ponto de vista fiscal, há uma sustentabilidade das contas do governo e não têm fundamento estas análises de que o governo perdeu o controle ou está aumentando o gasto?, disse, ao participar, ontem, do 16.º Congresso e Exposição de Tecnologia e Informação das Instituições Financeiras (Ciab 2006) da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na capital paulista. De acordo com o ministro, os gastos correntes têm se mantido estáveis, em torno de 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e continuarão neste patamar.
Mantega, entretanto, admitiu o crescimento dos gastos com a Previdência durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, porém ressaltou também um aumento notado nas receitas previdenciárias. ?Embora esteja havendo um aumento das despesas com Previdência, que aliás é uma tendência internacional, a receita também está crescendo?, afirmou, salientando que o processo de aumento na arrecadação deve ser contínuo. ?Esta elevação (das receitas) deve se manter, porque isso reflete o aumento do nível de atividade da economia brasileira. Esse processo vai permitir um equilíbrio maior dos gastos da Previdência.
Segundo Mantega, também não deve ser foco de preocupação o aumento salarial que será dado para os funcionários públicos do governo federal. Para ele, esta elevação dos salários já era prevista e não compromete a rigidez da política fiscal da União. ?(Os aumentos) Estão perfeitamente dentro das projeções que havíamos feito. Nós estamos com uma folha de pagamento em torno de R$ 100 bilhões no setor público federal e, com os aumentos previstos para este ano, devemos fechar o ano com uma despesa de R$ 105 bilhões. Então, é um aumento de 5% a 6%, o que não é extraordinário?, afirmou o ministro.
Ainda de acordo com Mantega, ao longo dos últimos três anos, o aumento das despesas com o funcionalismo federal se manteve estável em torno de 5%. ?Não é um crescimento explosivo, como alguns estão dizendo. As estatísticas não mentem?, concluiu.
Juros
Mantega arriscou uma análise sobre o comportamento da taxa de juros norte-americana, e disse crer que as elevações promovidas pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) devem parar em agosto, o que também vai dar fim à onda de turbulência experimentada pelos mercados internacionais. ?A expectativa é que (a taxa americana) suba agora no dia 29, de 5% para 5,25%, o que já está no preço e, talvez em agosto, na próxima reunião do Fed, eles possam subir mais 0,25%. Depois disso, não haverá mais elevações, e já haverá uma acomodação nos capitais internacionais?, afirmou o ministro, após conceder palestra no Congresso e Exposição de Tecnologia e Informação das Instituições Financeiras (Ciab 2006) da Febraban, na capital paulista.
Com base nessas projeções, o ministro calcula que a forte volatilidade percebida nos mercados deve se encerrar em agosto. Para ele, dado o curto prazo de vida da turbulência, a economia brasileira não deve sofrer qualquer impacto negativo decorrente das incertezas relativas ao ritmo de aperto monetário promovido pelo Fed. ?O Brasil hoje está demonstrando uma grande capacidade de resistência a turbulências internacionais. É uma situação inédita no Brasil?, analisou.
O ministro disse ainda não acreditar que, por conta da turbulência internacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) modifique a trajetória de queda da taxa básica de juros. Segundo ele, não haveria motivos para a volta de um aperto monetário, dado que a inflação tem sido mantida sob controle. ?O que o Copom tem que olhar é o comportamento da inflação. Se a inflação tivesse subido como subiu em outros países, aí o Copom tinha que se preocupar, e poderia mudar seu comportamento?, finalizou.
Moeda e superávit comercial protegem País de turbulência
São Paulo (ABr) – As reservas de moeda forte e o superávit comercial e em transações correntes contribuem para a resistência do Brasil às turbulências internacionais, avaliou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ontem em São Paulo, durante palestra no 16.º Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras, organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
De acordo com o ministro, essa capacidade de resistência às turbulências internacionais demonstradas atualmente é uma situação inédita no País. ?Está sobrando moeda forte no País e em função disso, quando há uma turbulência, sofrem os países que têm falta de dólares. A Turquia tem déficit em transações correntes, precisa de recursos novos a cada ano para fechar suas contas. O Brasil arrecada esses recursos exportando mais do que importa e com os investimentos diretos e externos feitos no país.?
Segundo Guido Mantega, o Brasil tem uma sobra anual de R$ 35 bilhões e, mesmo que ocorram pequenas evasões, o país ainda tem uma confortável sobra de moeda forte. ?É em função disso que a turbulência não nos afeta ou afeta pouquinho. Eu mostrei aqui que essas flutuações no Brasil são menores do que as outras flutuações que ocorrem em outros países.?
Para o ministro da Fazenda, as turbulências externas devem continuar até, no máximo, agosto. Elas começaram com a substituição do presidente do Banco Central norte-americano (Alan Greenspan por Ben Bernanke), decisiva para o aumento dos juros nos Estados Unidos. A mudança reduziu o ritmo das transações de ações nas bolsas de valores do mundo todo, inclusive no Brasil, onde também houve valorização do dólar em relação ao real.
