O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ontem que o governo federal não tem como melhorar a proposta apresentada aos auditores fiscais da Receita Federal.
A proposta foi apresentada na semana passada, mas a categoria a rejeitou e decidiu manter a greve durante assembléias realizadas em todo o país. Os auditores estão parados desde o dia 18 de março.
Segundo o governo federal, o reajuste oferecido foi de 43,9% para os servidores com salário teto, e de 41,7% para aqueles que ganham o salário inicial. Os auditores querem que o piso da categoria aumente de R$ 10.155,52 para R$ 11.614,10, e o teto, de R$ 13.382,26 para R$ 16.683,98. Os reajustes propostos pelo governo federal seriam aplicados até 2010, sempre no mês de julho. ?Não temos como evoluir. Não temos como avançar. Porque nós não estamos negociando só com os auditores, nós estamos negociando com outras categorias que têm como referência o salário deles?, afirmou o ministro.
Paulo Bernardo disse ainda que a expectativa é que a greve seja encerrada nesta semana, uma vez que a Justiça já autorizou possíveis cortes nos salários dos servidores. Entretanto, mesmo depois desta notícia na semana passada, os auditores decidiram manter o movimento, sem receio dos cortes. O ministro afirmou também que o atraso na aprovação do orçamento trouxe dificuldades para o governo.
No Paraná, os auditores que trabalham na estação aduaneira de Foz do Iguaçu continuam em operação padrão. O pátio da aduana está lotado (com 700 caminhões) e outras 500 senhas já foram distribuídas. Porém, mesmo com a operação padrão são atendidos apenas cerca de 200 veículos, quando em dias normais são liberados pelo menos 500. No Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná, a delegacia sindical do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) informou que não estão sendo feitos levantamentos das cargas que chegam ao porto, mas que o local está lotado.
Enquanto isso, alguns setores já sentem e divulgam seus prejuízos por conta da greve. A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar) estima que só em transporte as empresas têm 5 milhões de dólares parados. Esta estimativa se refere às cargas que passam pela estação aduaneira em Foz. ?Não são só perdas em dinheiro, são também perdas morais para as empresas?, comentou o presidente da Fetranspar, Sérgio Malucelli.
Na semana passada, Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI) informou que as perdas no setor já chegam a 30 milhões de dólares. A Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) divulgou que já registrou um prejuízo de um bilhão de dólares em todo o país por conta da paralisação. A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) já conseguiu na Justiça três liminares para tentar garantir a liberação de cargas nos portos de Paranaguá (litoral do Paraná) e São Francisco de Sul e Itajaí (ambos em Santa Catarina). Algumas montadoras de veículos, por sua vez, informam que ainda não estão sentindo os reflexos da greve, como a Volkswagen, por exemplo. Já a Volvo e a Audi não deram retorno à reportagem e a Renault informou não se pronunciar sobre o assunto.