A criação de postos de trabalho abaixo do esperado nos Estados Unidos em novembro movimentou o mercado cambial ontem. O dólar comercial chegou a ser vendido abaixo dos R$ 2,70 no início da tarde (R$ 2,962 na venda) e terminou o dia cotado a R$ 2,707 na compra e R$ 2,709 na venda, com queda de 0,87% sobre o fechamento de quinta-feira. É a menor cotação desde 19 de junho de 2002.
Segundo o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, foram criados no mês passado 112 mil postos de trabalho, contra uma expectativa de pelo menos 200 mil novas vagas. A taxa de desemprego ficou em 5,4%, mesmo nível de outubro. Os dados indicam que a economia no país mais forte do mundo não está tão aquecida e o Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, pode não elevar os juros na sua próxima reunião.
"O mercado tinha uma grande expectativa de que a criação de vagas chegasse a 200 mil nos Estados Unidos, já que a queda no preço do barril do petróleo poderia favorecer o crescimento da economia americana e a alta dos juros pelo Fed. O índice decepcionou e o dólar acabou caindo em relação a outras moedas do mundo. Revertida a expectativa de alta do desemprego, o dólar não agüentou e caiu novamente", afirmou Hideaki Iha, operador de câmbio da corretora Souza Barros.
Uma outra notícia influenciou a queda do dólar nesta sexta-feira. Ontem, o Banco Central anunciou a abertura de bônus global com vencimento em 14 de julho de 2014. A operação será comandada pelos bancos JP Morgan e Morgan Stanley. A última captação com o global 14 foi feita em julho deste ano e o BC captou US$ 750 milhões. Desta vez, a expectativa é de captação de US$ 500 milhões.
"Se fosse um dia normal, sem a queda do dólar no mercado externo, uma informação como esta, de nova abertura de bônus global, não teria grande efeito, já que o mercado já estava esperando essa medida. Mas a notícia acabou repercutindo. O BC aumenta a sua reserva e o dólar cai um pouco mais", afirmou Iha, acrescentando que o governo aproveita uma época muito boa para fazer esse tipo de captação.
No Brasil, o mercado prestou atenção também nos índices de inflação. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a inflação desacelerou em São Paulo. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou em 0,56% no mês passado, abaixo do índice de outubro, de 0,62%.
Os juros futuros terminaram a sexta-feira em posições diferentes. Para janeiro de 2005, o Depósito Interfinanceiro (DI) fechou estável, em 17,47% ao ano. Já para fevereiro a projeção foi de ligeira alta, passando de 17,62% para 17,63%. Tiveram queda os contratos de longo prazo: março (de 17,77% para 17,76%), abril (de 17,89% para 17,86%) e julho do ano que vem (de 17,98% para 17,94%).