Brasília (AE) – A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) considerou infundadas as preocupações ?legalistas? de alguns setores do Itamaraty sobre a ?MP do Bem? e deixou claro que espera novas iniciativas de desoneração de investimentos para compensar os custos empresariais com a carga tributária e a ineficiência na aplicação dos recursos arrecadados. Segundo o embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, o governo deve levar adiante a aplicação da ?MP do Bem?, que desonerou novos investimentos produtivos do PIS e da Cofins, sem preocupar-se com sua compatibilidade com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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?As iniciativas previstas na MP do Bem devem ser aprofundadas. Se algum país tiver algo contra, que utilize os canais da OMC para questioná-las?, afirmou Barbosa. ?Essa MP é uma política interna importante para ajudar os setores produtivos. Não devemos nos preocupar com o que outros países ou analistas possam dizer sobre ela.?

Na avaliação de Barbosa, é correta a preocupação do governo em procurar cumprir as normas de comércio e investimentos previstas pela OMC. Mas é preciso também ter em conta que a própria organização passa por uma crise de credibilidade e de efetividade, aprofundada pelo fato de que nem sempre as políticas condenadas são alteradas. Alguns setores empresariais chamam a atenção para a demora na conclusão dos processos de controvérsias na OMC – em torno de quatro anos. Essa situação daria tempo para a alocação e a maturação de investimentos produtivos no País.

Em princípio, a medida provisória, anunciada quarta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deixa o flanco aberto para queixas de países prejudicados. Ou seja, aqueles que vierem a perder investimentos estrangeiros produtivos para o Brasil. A principal medida, a suspensão do PIS e da Cofins sobre a aquisição de máquinas e equipamentos para novos investimentos, desde que essas plantas obtenham 80% da receita bruta da atividade exportadora, poderia ser considerada uma subvenção proibida e, portanto, contrária ao Acordo de Subsídios da OMC.

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Empresários presentes ao anúncio da MP mostraram-se animados com a iniciativa, mesmo sem a chance de serem beneficiadas em curto prazo. José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da General Motors (GM) do Brasil, observou que, pela primeira vez, o governo adotou uma medida que contribui para a redução da carga tributária do setor produtor.