O governo vai liberar mais de R$ 10 bilhões para investimentos no setor agrícola na próxima safra. O montante, quase 70% maior do que os R$ 6 bilhões já liberados na safra atual, será anunciado oficialmente na próxima sexta-feira, 18, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgar o Plano Agrícola e Pecuário 2004/2005. O pacote, classificado como “uma revolução para a agricultura” pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernardo Appy, inclui ainda um conjunto de novos instrumentos financeiros para aumentar o crédito ao setor.
O pilar do novo plano, no entanto, será o Moderfrota, programa de modernização da frota de tratores e implementos agrícolas, que será ampliado. Ele terá metade dos recursos previstos para investimentos, ou R$ 5 bilhões, conforme adiantou ao Estado o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin. É mais do que o dobro dos R$ 2,25 bilhões destinados ao programa nesta safra. “O Moderfrota deu certo e impulsionou a atividade agrícola, por isso o destaque no plano”, disse Wedekin. O programa, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi lançado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 2000.
A intenção do governo com o novo plano agrícola é dar “uma nova injeção de ânimo para um setor com desempenho extraordinário no Brasil”, segundo o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. “Ampliaremos os recursos para financiamento, criando com o Ministério da Agricultura novos mecanismos de financiamento e seguro inovadores, e com o Ministério do Desenvolvimento Agrário a ampliação dos recursos para a agricultura familiar”, comentou o ministro, por meio de sua assessoria de imprensa.
O acentuado ritmo de crescimento da agricultura nos últimos anos, batendo sucessivos recordes de produção e de exportações, foi quebrado neste ano por causa da seca na região Sul e da ferrugem que atacou as plantações de soja no Centro-Oeste. Na semana passada, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, anunciou que a expectativa de aumento do PIB agrícola havia sido reduzida de 6% para 3% na safra que está acabando de ser colhida neste mês. De acordo com Ivan Wedekin, a expectativa é que o novo plano agrícola possibilite expansão de 3 milhões de hectares na área cultivada no País, dentro da tendência observada nos anos anteriores.
Os R$ 10 bilhões que o governo deverá liberar para investimento na agricultura e pecuária no ano-safra 2004/2005 são suficientes para atender as necessidades do setor. A avaliação é do conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Pedro de Camargo Neto. “Na safra 2004/2005 não teremos a euforia dos últimos anos. Entraremos num período de cautela por conta da soja, que é o carro-chefe da nossa agricultura.”