O governo federal estaria cogitando importar álcool de milho, produzido nos Estados Unidos, para suprir o País neste período de entressafra do setor canavieiro, que vai até o final de março. Embora os estoques nacionais sejam estimados em 4 bilhões de litros, considerados suficientes para atender a demanda até a entrada da produção referente ao ciclo 2006/07, e as usinas tenham informado que irão antecipar a colheita da nova safra, o governo estaria negociando com produtores norte-americanos. A notícia vinda de Brasília, ainda em caráter extra-oficial, é que a alíquota de importação de álcool seria zerada.
Se a importação do produto realmente ocorrer, o álcool de milho dos Estados Unidos, que é subvencionado pelo governo daquele país, poderá chegar ao Brasil a um custo de R$ 0,90 o litro. A negociação, cujos volumes não são conhecidos, esbarraria apenas no fato de que nos EUA, a exemplo do que ocorre atualmente aqui, os estoques de álcool estariam em níveis considerados baixos.
Demanda cresce
O preço do álcool hidratado vendido pode ter novos aumentos aos consumidores, apesar da cotação seguir estável ou em queda nas destilarias e dentro do limite de R$ 1,05 acordado entre governo e usinas recentemente. A informação é do diretor-técnico da União da Agroindústria Canavieira (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
Segundo a entidade – que representa as usinas do Centro-Sul do Brasil -, a explicação para tal divergência recai nas distribuidoras, que compraram grandes estoques de álcool em dezembro de 2005, antes de os governos federal e de São Paulo adotarem medidas para tentar acabar com fraudes no combustível.
A Unica estima que as distribuidoras compraram entre 80 milhões e 90 milhões de litros de álcool acima do previsto, o que gerou uma demanda preliminar para as usinas, em dezembro de 2005, de 1,35 bilhão de litros. O volume é 27% maior do que os 1,063 bilhão de litros vendidos pelas usinas em dezembro de 2004, de acordo com a Unica.
A questão é que a Unica estimava que a demanda das distribuidoras ficasse entre 1,26 bilhão e 1,27 bilhão de litros em dezembro, um aumento de cerca de 200 milhões de litros. Essa previsão foi superada porque a frota de flex fuel cresceu de 200 mil, para um milhão de veículos durante o ano.
Preço cai
Já a professora e pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq) Heloisa Lee Burnquist, que faz o acompanhamento diário de negócios com álcool, informou que segue, desde a semana passada, o cenário de desaceleração do preço do álcool nas usinas. ?Poucos negócios estão sendo feitos e as distribuidoras que precisam, continuam comprando o necessário?, afirmou Heloisa.
Na última semana, de acordo com o Cepea/Esalq, o preço médio do litro do álcool hidratado caiu 1,38% e o do anidro recuou 3,34% nas usinas e destilarias paulistas. Por outro lado, na mesma semana, o álcool hidratado ficou 4,5% mais caro nos postos brasileiros de acordo com a pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Segundo a ANP, o litro do álcool hidratado fechou a semana passada a R$ 1,724, em média, no País, ante os R$ 1,650 registrados na semana anterior.
