Mesmo depois da fixação do preço das ações da Petrobras que servirá de base para a capitalização, uma questão permanece indefinida: como o governo dividirá a participação de seus agentes. Tesouro Nacional, Fundo Soberano do Brasil (FSB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Caixa Econômica Federal terão participações distintas, seguindo os critérios do Ministério da Fazenda. De certo está o aporte do governo, de R$ 74 bilhões.
Nos próximos dias, paralelamente ao início da negociação das novas ações da Petrobras na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e à liquidação das ações – como é chamada a quitação dos papéis pelas corretoras – a equipe técnica do governo estará debruçada nos cálculos que formarão o novo desenho da participação estatal na Petrobras. A entrada do Fundo Soberano e da Caixa faz parte da estratégia de aumentar a parcela estatal, mas pulverizando em diferentes veículos. O BNDES já detinha participação considerável no capital da companhia (7,7%), principalmente em ações sem direito a voto (preferenciais: PNs).
Para não ver essa parcela ser diluída na operação de capitalização, o banco já estava se preparando, de acordo com fontes ligadas à operação, para desembolsar cerca de R$ 7 bilhões de seu caixa para seguir a oferta. Agora, detém participação ainda mais substancial (9,2%), graças ao aporte de ações do Tesouro, no mês passado, que promoveu uma “capitalização dentro da capitalização”. Injetou R$ 2,5 bilhões na Caixa e R$ 4,5 bilhões no BNDES em ações da Petrobras.
O mesmo Tesouro vai dar as cartas: quanto caberá à Caixa, ao BNDES e ao Fundo Soberano ao fim do processo. Pura estratégia de governo, para movimentar recursos nas próprias estatais, misturar recursos em dinheiro aos títulos do governo que serão usados na capitalização e decompor sua participação na estatal que, pela aspiração do governo, pode passar de 50% do capital total.