Para melhorar as contas fiscais, o governo atrasou neste início de ano os pagamentos às empresas que constroem as habitações destinadas às famílias de renda mais baixa inscritas no programa Minha Casa, Minha Vida.

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No mesmo mês em que recebe a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, que colocou a nota do País em xeque pela desconfiança em relação à política fiscal, a equipe econômica recorre ao artifício que usou para fechar as contas de 2013: segurar os repasses feitos aos bancos oficiais do dinheiro destinado a pagar as construtoras pelo andamento das obras.

O jornal O Estado de S. Paulo ouviu dezenas de construtoras que atendem famílias com renda mensal de até R$ 1,6 mil (faixa 1). Sob a condição de anonimato, com medo de represálias do governo, os empresários foram unânimes em confirmar os atrasos, que chegam, em alguns casos, a um mês.

O que impressionou o setor foi o governo represar os pagamentos no segundo mês do ano. No fim de 2013, foi a primeira vez, desde 2009 (quando o programa foi criado), que houve atrasos nos pagamentos às construtoras, mas os empresários achavam que a prática só seria usada para o fechamento das contas anuais.

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O objetivo do governo é tornar os dados fiscais de fevereiro “menos ruins”, como define uma fonte da equipe econômica. Diante da frustração da arrecadação em fevereiro, e com a enorme pressão colocada pelo mercado financeiro e por investidores externos ao comportamento mensal dos dados fiscais, o governo se viu “forçado” a represar despesas.

Evitando déficit

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A equipe econômica não quer repetir o fraco desempenho de fevereiro de 2013, quando as despesas superaram as receitas em R$ 6,4 bilhões. Internamente, o governo admite que o dinheiro sairá dos cofres públicos para as empreiteiras. No entanto, esse atraso permite salvar um período mais difícil. Assim que a arrecadação melhorar, como esperam os técnicos do governo, os pagamentos serão normalizados.

Sindicatos da construção civil (Sinduscon) de vários Estados disseram que foram procurados por empresas para relatar dificuldades com o atraso na liberação dos recursos, que compromete os pagamentos a empregados e fornecedores. “As construtoras são dependentes da previsibilidade desses pagamentos para o fluxo do caixa. A principal virtude do programa – o pagamento em dia – passa a ser um grande problema”, diz o presidente do Sinduscon de Teresina (PI), André Baia.

As construtoras de médio e pequeno portes são as mais afetadas porque não têm dinheiro em caixa para fazer frente às obrigações nem lastro financeiro para novos empréstimos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.