O governo fez ontem (22) à noite uma operação envolvendo a equipe econômica e setores que cuidam de energia elétrica para garantir reajustes menores nas tarifas até o fim do ano. As mudanças afetaram de imediato as tarifas das distribuidoras Bandeirante e Piratininga, ambas no Estado de São Paulo, que foram corrigidas hoje em 19,9% e 19,28%, respectivamente. Sem a operação, os índices poderiam superar 23%.
Segundo fontes do setor, a decisão foi tomada em uma reunião no Palácio do Planalto, da qual participaram os ministros da Casa Civil, Pedro Parente, do Planejamento, Guilherme Dias, e de Minas e Energia, Francisco Gomide, além do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Guilherme dos Reis, do presidente da Eletrobrás, Altino Ventura Filho, e do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo.
Para que o aumento das tarifas, provocado principalmente pela elevada cotação do dólar, ficasse abaixo dos 23%, o governo decidiu antecipar para hoje a redução do preço da energia de Itaipu, que caiu de US$ 18,83 por quilowatt (kW) para US$ 15,93 por KW. O novo preço valeria apenas a partir de 1.º de janeiro, e só ajudaria a reduzir os aumentos autorizados no próximo ano.
Segundo fontes que acompanharam a reunião, a antecipação da redução dos preços da Itaipu valerá apenas para as distribuidoras, mas não para a geradora binacional. Ela continuará recebendo os mesmos US$ 18,83 até 31 de dezembro. A diferença entre esse valor e os US$ 15,93 por kW a serem pagos pelas distribuidoras será coberta pela Eletrobrás durante os dois meses.
A diferença será diluída no preço pago pelas distribuidoras ao longo do próximo ano, mas nenhum órgão oficial explicou de que forma a Eletrobrás será ressarcida desta perda. A fórmula foi acatada, segundo fontes, como alternativa à pressão feita por setores do governo para que a Aneel aunciasse o reajuste apenas após as eleições.