Embora confie que a taxação do capital estrangeiro com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) vá conter o ritmo da valorização do real ante o dólar, o governo sabe que a medida é limitada e não vai mudar a tendência de alta da moeda brasileira no longo prazo. Por isso, a equipe econômica trabalha em ações complementares para conter essa tendência e diminuir a volatilidade cambial.

continua após a publicidade

No cardápio de possíveis medidas adicionais, uma das apostas é a regulamentação da compra de dólares pelo Fundo Soberano do Brasil (FSB). De acordo com a equipe econômica, o Tesouro faria a emissão de títulos de curto prazo para o Fundo e depois os resgataria, em troca de reais para o FSB. Com mais dinheiro em caixa, o Fundo partiria para comprar dólares no mercado de câmbio, de maneira complementar ao que já faz o Banco Central (BC).

O uso do Fundo na compra de dólares é considerado porque a eficiência da atuação do BC no mercado de câmbio é questionada nos bastidores do Ministério da Fazenda. A avaliação que circula na pasta é que, apesar do discurso do BC de que sua atuação visa a diminuir a volatilidade no câmbio, a realidade dos últimos anos mostra que o modelo não foi bem-sucedido, já que o real está entre as moedas campeãs de volatilidade e se valorizou muito rapidamente desde que a crise amainou.

A presença de um agente governamental extra no mercado poderia, na visão de parte do governo, inibir manobras especulativas que aumentam a volatilidade do real. Mas na própria Fazenda há quem avalie que o Tesouro não teria capacidade técnica para uma atuação bem-sucedida no câmbio.

continua após a publicidade

Além do reforço nas compras de dólares, o governo pensa em medidas para aumentar a competitividade das empresas brasileiras no médio prazo – isso para rebater as críticas feitas por agentes do mercado de que o governo deveria atuar na redução das ineficiências econômicas do País em vez de taxar o mercado de capitais. Também se discute na equipe econômica a criação de um seguro para diminuir o risco de variações no câmbio. “A agenda não vai parar porque o governo tem consciência da limitação da medida do IOF”, disse uma fonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.