Governo estrutura o espetáculo do crescimento

Brasília – Sem fazer alarde, o governo criou uma força-tarefa em toda a Esplanada dos Ministérios para adotar uma série de pequenas ações para criar condições que estimulem o tão esperado espetáculo do crescimento econômico. A ordem é atrair o máximo de investimentos possíveis, gastando o mínimo.

Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, a idéia é dar um choque positivo na economia para fazê-la funcionar. Ou seja, usar medidas para aumentar a produção com redução de custos e mais eficiência. Isso deve acontecer, segundo ele, não mais a partir de grandes programas de investimento com dinheiro público, e sim de decisões estratégicas que serão tomadas pelo governo para azeitar investimentos que já foram feitos e dar prioridade a obras fundamentais em andamento.

– Tudo isso está funcionando sem grande estardalhaço. A época de assinar grandes programas acabou. O momento é de fazer escolhas. Esse é o mapinha que estou usando para me guiar. Meu mote é: tão bom quanto investir é fazer o investimento render – afirmou.

Levy citou como exemplo o gasoduto Brasil-Bolívia, que precisa de ajustes para funcionar em plena potência e gerar lucros. Detalhes técnicos também podem fazer a malha ferroviária funcionar.

– Os trilhos já estão lá. Precisa investir? Precisa. Mas se já fizer aquilo funcionar direito, é isso que faz diferença – destacou.

– Temos pouco dinheiro, mas um bocado de cabeças. Vamos usar os recursos mais abundantes, que são a inteligência e o trabalho, para poupar um pouquinho o que é menor: o capital – afirma Levy.

Mais do que dinheiro, acrescentou o secretário, os diversos setores da economia precisam de regras claras para atrair recursos. Ele lembrou que o setor de energia tem grandes investimentos parados porque as empresas ainda esperam a definição de uma série de normas.

Segundo o secretário, as empresas querem um sinal de como serão as normas de funcionamento do mercado para investir sem medo. Além disso, elas esperam ver como ficará o Plano Plurianual (PPA) – um esboço de todos os investimentos que serão feitos pelo governo nos próximos três anos.

Levy destacou, ainda, que a falta de investimentos não foi provocada apenas pelos juros altos.

– O problema não é só juros. A economia deu uma desacelerada. A gente teve um choque de US$ 30 bilhões no ano passado em investimentos externos.

Segundo ele, o governo está estudando maneiras de possibilitar a diversificação dos investimentos diretos no país. Uma das saídas seria sofisticar um pouco mais o sistema de recebíveis para garantir investimentos de empresas estrangeiras, entre as quais os fundos de pensão.

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