O governo do Estado e as montadoras do pólo automotivo do Paraná estão perto de um acordo para revisar os contratos firmados no governo anterior. É o que ficou concluído ontem, após reunião do Conselho de Política Automotiva (CPA) realizada na Volvo, em Curitiba. Além de representantes do governo e das montadoras, também participaram entidades como Sindipeças, Sindimetal, Federação das Indústrias, Associação
Comercial e Ipardes.
“Os entendimentos que mantivemos devem resultar num consenso para revisão dos protocolos de intenções firmados com as montadoras”, previu o coordenador do conselho, Daniel Godoy. “Houve unanimidade de que o pólo automotivo do Paraná, que já contribui com cerca de 10% da produção nacional de veículos automotores, precisa ser fortalecido com regras claras para gerar empregos e renda.”
Ainda segundo Godoy, a intenção do governo é olhar para o futuro. Para ele, há esperança de um bom entendimento. “As montadoras e sistemistas devem assumir um compromisso para ampliar as compras de peças e acessórios de indústrias do Paraná”, afirmou. Godoy citou ainda dados do Ipardes que apontam que apenas 24% do conjunto de compras das empresas sediadas no Paraná são feitas no próprio Estado.
Empregos
O representante da Força Sindical, Nuncio Mannala, defendeu a necessidade de rever a carga horária dos trabalhadores para ampliar o número de vagas. Sugeriu ainda mais investimentos em treinamento de mão-de-obra e condenou a terceirização desses serviços, mecanismo que, segundo ele, vem sendo utilizado pelas montadoras nos últimos dois anos.
O representante da Volkswagen/Audi, Rogério Rezende, deixou claro que o interesse da montadora é permanecer no Paraná. Segundo ele, as montadoras apostaram no Paraná e no Brasil quando fizeram seus investimentos entre 1996 e 1998. “A intenção delas era que o Brasil se transformasse na maior plataforma exportadora da América Latina. A Volkswagen veio com esse objetivo”, destacou.
“A Volks é a montadora que mais exporta no Estado. A posição da empresa é ficar no Paraná, porque o Estado tem uma boa localização, boa estrutura logística. Foram esses fatores que pesaram na decisão de trazer para cá um veículo de elevada escala de produção como o Fox”, justificou Rezende.
Para o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures, o Paraná está passando por uma excelente oportunidade de avançar no processo de crescimento do pólo automotivo. “As empresas estão atingindo um grau de maturidade capaz de lidar com as dificuldades em foro apropriado como a questão dos contratos.”
Durante a reunião, o governo do Estado também se comprometeu em ser o porta-voz do pólo automotivo do Estado perante negociações para conseguir linhas de crédito especiais junto ao governo federal. Mas condicionou esse apoio a um entendimento entre as partes. O acordo passa pela redução das importações de peças e o conseqüente aumento do índice de paranização.
Venda de carros despenca em janeiro
Depois de fechar 2003 com o melhor dezembro de toda a história da indústria, as vendas das montadoras despencaram 36,4% em janeiro. No mês passado foram vendidos 107.425 veículos, contra as 168.873 unidades comercializadas em dezembro. Na comparação com janeiro de 2003, quando foram vendidos 112.312 veículos, a retração nas vendas foi de 4,4%.
A queda foi registrada ainda durante a vigência do benefício fiscal, que reduziu a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do carro zero. O incentivo acaba no final do mês.
Também pesaram os reajustes de preços no começo do mês passado, de 5% em média. Novos aumentos devem ocorrer nos próximos meses por conta do aumento do preço do aço e da alíquota da Cofins, que incide sobre o frete do veículo.
O fim do IPI menor também deve encarecer o preço do carro a partir de março.
Exportações
Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as montadoras venderam para o mercado externo o equivalente a US$ 471,355 milhões, uma queda de 4,1% em relação a dezembro. Na comparação com janeiro de 2003, houve um aumento de 81,2% nas exportações.
As montadoras produziram em janeiro 157.260 veículos, um aumento de 2,1% em relação a dezembro. Na comparação com janeiro de 2003, o aumento na produção foi de 9%.
Liderança
Depois de fechar 2003 ocupando o terceiro lugar no ranking de vendas de veículos e comerciais leves, a Volkswagen começou 2004 na liderança do setor. Números divulgados ontem pela Anfavea mostram que a montadora de origem alemã vendeu 26.119 veículos e comerciais leves no mês passado. Com este desempenho, a Volks deixou para trás a Fiat e a General Motors – que em 2003 foram a primeira e a segunda, respectivamente. Neste primeiro mês de 2004, o segundo lugar ficou com a General Motors, que vendeu 23.833 veículos e comerciais leves. A Fiat ficou em terceiro lugar, com 21.129 unidades.
Os números de janeiro mostram que a Volks foi a montadora que menos perdeu mercado em relação a dezembro. As vendas de automóveis e comerciais leves da montadora recuaram 8,9% frente ao mês passado. Na mesma comparação, a GM perdeu 43,5% de mercado e a Fiat, 54,4%.
