O Bird (Banco Mundial) negocia com o governo brasileiro mecanismos para tornar mais eficientes os desembolsos do banco no país, e melhorar o fluxo de recursos. O banco deverá emprestar ao Brasil, em 2005, cerca de US$ 2,2 bilhões. Segundo a vice-presidente do Bird para a América Latina e o Caribe, Pamela Cox, a proposta em discussão prevê que os desembolsos sejam feitos por meio de um swap (troca), com investimentos diretamente em programas que já estejam sendo executados pelo governo.
Com a proposta, o banco tentará reverter a situação enfrentada pelo Brasil no ano passado, quando os pagamentos de amortização de dívidas com o banco (US$ 1,5 bilhão) superaram os desembolsos para programas no país.
Um dos projetos já aprovados pelo banco para este ano prevê o desembolso de US$ 572 milhões para serem investidos no Bolsa Família. A proposta depende apenas de aprovação do Senado e formalização com o governo para que os recursos sejam liberados.
A vantagem desse tipo de mecanismo, segundo a vice-presidente do banco, está na rapidez do desembolso dos recursos. Isso porque não há a necessidade de que um novo projeto seja desenvolvido nem a obrigação de novos compromissos de investimento por parte do governo, que pode contar com os valores já aprovados no orçamento para cada programa. Desta forma, o país pode tomar novos empréstimos sem ferir os seus compromissos fiscais.
Além do programa Bolsa Família, o Bird deverá financiar projetos na área de infra-estrutura, com destaque para aqueles ligados à água e saneamento básico, considerados essenciais para reduzir a mortalidade infantil. O banco também destinará recursos para projetos voltados à redução da taxa de desmatamento no país.
Questionada sobre o andamento dos programas sociais do governo federal, Pamela Cox elogiou as ações, mesmo considerando que algumas áreas poderiam estar melhores. Segundo ela, no entanto, a implementação de programas sociais é mais difícil que a adoção de medidas macroeconômicas porque tratam de pessoas, precisam de testes e seus resultados não são rápidos. "O Brasil está no caminho certo", avaliou.
FMI
A vice-presidente do Bird evitou comentar sobre a decisão de assinar ou não novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) neste ano. Segundo ela, o Bird não se baseia no FMI, e cabe ao Brasil avaliar os custos e benefícios de um novo acordo.
Pamela Cox esteve reunida ontem com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Ela assumiu o cargo em 1.º de janeiro deste ano, mas já ocupou postos de gerência em diversos países e regiões desde que chegou ao banco, em 1980.