São Paulo – A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 16,5% sinalizou à indústria que nem o próprio governo parece acreditar que a retomada da economia é sólida. O efeito mais imediato sobre a indústria é segurar a atividade. “Não vamos elevar a produção apostando na retomada da atividade, como fizemos em 2002.
“Se nem o governo parece acreditar na economia, por que a indústria acreditaria?”, indaga o diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Cláudio Vaz.
Para o empresário, o Brasil deveria estar discutindo agora como consolidar o crescimento econômico para 2005 e 2006. Mas depois da interrupção no corte de juros em janeiro, o primeiro trimestre do ano será marcado, do ponto de vista da indústria, por um atraso no processo de recuperação do nível de atividade. Vaz apostava em março como o mês em que começaria a haver recuperação da produção e do nível de emprego. “O Copom quebrou essa expectativa. E são as boas expectativas que conduzem o futuro”, afirmou.
Embora a expectativa de curto prazo tenha sido afetada, Vaz considera que as condições continuam positivas para a retomada do crescimento econômico. As exportações se mantêm fortes, há perspectiva de recuperação dos salários, aumenta a oferta de crédito e há sinais de que haverá mais recursos para investimentos. Por isso mesmo, “foi com incompreensão que a indústria recebeu a informação sobre a manutenção da Selic”, disse Vaz.
Ele ressaltou que o próprio temor de inflação não se justifica. Janeiro é um mês contaminado pelos preços da educação, pelo pagamento do Imposto de Propriedade sobre Veículos Automotores (IPVA) e outros impostos. “Trata-se de um repique sazonal dos preços”, afirmou.