O próximo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) será muito parecido com o primeiro, na avaliação do economista Alexandre Schwartsman, sócio-diretor da Schwartsman Associados e ex-diretor da Área Internacional do Banco Central. Ele aponta que não existe no governo uma percepção de que as políticas econômicas estejam equivocadas, o que faz com que um rebaixamento do rating brasileiro esteja “praticamente garantido”.

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Schwartsman afirma que em seu discurso de vitória Dilma falou apenas em ajustes pontuais na economia. “Isso me faz lembrar a definição de Albert Einstein sobre a insanidade, que é fazer o mesmo experimento e esperar resultados diferentes. É isso que vai acontecer”, comenta. Em relação às especulações sobre o próximo ministro da Fazenda, em meio a uma visão de que um nome mais ortodoxo poderia enviar um sinal positivo aos mercados, o analista diz que não tem dúvidas sobre quem será o novo titular da pasta. “Será o mesmo dos últimos quatro anos: a própria Dilma”.

Ele afirma que o governo pode até adotar algumas ações pontuais para melhorar um pouco as contas públicas, como por exemplo a reintrodução da Cide e alguns outros tributos. Mesmo assim, acredita que um rebaixamento do rating do Brasil é quase certo, já que indicadores como a dívida bruta, o crescimento econômico, a inflação e mesmo a sinalização de mudanças estão se deteriorando. “Resta saber se o rebaixamento virá de uma ou duas agências e se vamos conseguir manter o grau de investimento”, aponta.

O ex-diretor do BC afirma que os mercados financeiros brasileiros devem passar um ajuste importante hoje, com dólar e juros em alta e bolsa em queda, já que ainda havia apostas de que Aécio Neves (PSDB) poderia vencer a eleição. Mesmo assim, ele não acredita que o câmbio possa “explodir”. Segundo Schwartsman, o BC provavelmente manterá o programa de swap cambial, já que essa é uma das poucas margens de manobra que restam. Além disso, um aumento de juros ainda este ano é possível.

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“O dólar vai continuar subindo, porque existem desequilíbrios importantes na economia, mas não vai explodir. O que o BC perde com os swaps cambiais ganha nas reservas internacionais. Do ponto de vista do balanço do setor público, a situação ainda é comprada em dólar e vendida em real, o que é uma tremenda apólice de seguros”, explica Schwartsman.

Segundo ele, os mercados financeiros vão mostrar que discordam das políticas do governo. “É um recado claro, mas precisaria haver um bom entendedor do outro lado”, diz. Nesse sentido, o economista aponta que existem limites para as “ações disciplinadoras” do mercado. “Os mercados podem forçar uma alta do dólar e do juros longos, espernear e derrubar a bolsa. Mas o governo não reagiu a esses indicadores nos últimos quatro anos. Por que faria isso agora?”.

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Schwartsman diz não acreditar que o Brasil esteja necessariamente no caminho de uma “catástrofe”, mas aponta que nos últimos quatro anos houve uma “mediocridade atroz” nas políticas econômicas, com um grau de intervenção do governo que não era visto há 35 anos.