O governo não deve abrir mão de adotar o horário de verão neste ano, onde há efetiva economia de energia. A avaliação é do presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Mario Santos, mesmo reconhecendo que a medida este ano não é “absolutamente indispensável” devido à sobra de energia no sistema provocada pela redução do consumo.
“Não fazer o horário de verão não tem consequência no curto prazo, mas se cria um hiato cultural. Não gosto de quebrar padrões de comportamento”, afirmou Santos se referindo ao fato do horário de verão ser adotado ininterruptamente desde 1985.
Ele alertou que existem decisões que devem ser tomadas com grande cuidado e não olhadas apenas do ponto de vista conjuntural. “Abrir mão do horário de verão por um momento é uma decisão muito séria”.
De acordo com dados do ONS, o consumo de energia nos horários de ponto no sistema interligado nacional está em torno de 52 mil MW em média. Quatro mil MW a menos que os 56 mil registrado em abril de 2001 – mês anterior ao início do racionamento de energia.
Ele admite que a situação é confortável do ponto de vista da operação do sistema não só pelo baixo consumo, mas também pelo nível dos reservatórios.
O presidente do ONS destacou que, caso o horário de verão não seja adotado, a expectativa é de que o consumo volte ao patamar de 56 MW no horário de ponta durante o verão, o que pode dificultar a operação do sistema.
Entre as regiões apontadas pelo ONS com potencial de economia com o horário de verão, estão a região sul e sudeste, com destaque para as áreas litorâneas a partir da Bahia.
Ao defender a medida, Santos afirmou que o ONS sempre irá recomendar o uso racional da energia elétrica. Para ele, a sobra existente hoje significa o incentivo ao desperdício.