O governo desistiu da abertura unificada do capital da Caixa Econômica Federal por causa das dificuldades em preparar o banco estatal para seguir as exigências das companhias abertas antes de 2016. Além disso, embora no mercado a operação seja vista como positiva, é considerada de execução difícil, principalmente em um ano de retração econômica e de desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

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“O IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) tradicional está descartado no curto prazo”, disse uma fonte. Segundo ele, não há nenhum estudo no banco para conduzir o processo unificado neste ano. A informação da desistência foi publicada na segunda-feira (9) pelo jornal Valor Econômico.

A opção, segundo fontes, é “fatiar” a oferta inicial de ações do banco, conforme publicou o jornal O Estado de S. Paulo em fevereiro. Nesse caso, a área que mais renderia seria a de seguros. Fontes na Fazenda acreditam ser possível que a operação da Caixa Seguradora seja tão bem-sucedida quanto a abertura de capital da BB Seguridade. Feito em abril de 2013, o IPO da BB Seguridade arrecadou R$ 11,5 bilhões – o maior volume atingido por uma empresa brasileira desde 2009.

Não há ainda no governo uma estimativa de quanto a abertura de capital da Caixa Seguradora poderia representar para reforçar as contas do governo este ano, num momento em que a equipe econômica enfrenta dificuldade para cumprir a meta de superávit primário fixada em R$ 66,3 bilhões, equivalente a 1,2% do PIB.

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O valor depende de como o cenário econômico vai reagir às investigações da Operação Lava Jato. O governo acredita que os primeiros resultados do trabalho de ajuste e busca de confiança tocado por Levy devem surtir efeito a partir do segundo semestre deste ano.

A Caixa Seguradora tem como sócios a Caixa (48,21%) e a francesa CNP Assurances (50,75%). Segundo fontes, os franceses já foram informados de que o governo quer diminuir a participação da Caixa na empresa, mas eles precisam aprovar essa decisão e o momento atual não é propício para o IPO, ainda mais de uma empresa com participação da União.

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No fim do ano passado, a presidente Dilma Rousseff disse que iria trabalhar para abrir o capital da Caixa. O prazo previsto era de, no mínimo dois anos.

Protestos

No dia 27 de fevereiro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), federações, sindicatos e Fenae promoveram o Dia Nacional de Luta em defesa da Caixa Econômica Federal 100% pública. O ato envolveu manifestações com discursos contra a proposta de abertura de capital da Caixa à iniciativa privada, atos e até retardamento na abertura de unidades. O objetivo era barrar qualquer tentativa de abertura de capital do banco.

Os empregados realizam, também, protestos nas agências e fizeram postagens de fotos nas redes sociais segurando cartazes com a frase “Eu defendo a Caixa 100% pública”.