O ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ricardo Schaefer, afirmou hoje que o agravamento da crise europeia não deve motivar revisões nas projeções do resultado da balança comercial para este ano, mas que os efeitos das turbulências podem ser sentidos no ano que vem. Segundo ele, a expectativa é de que o País feche o ano com exportações de aproximadamente US$ 250 bilhões, patamar cerca de 20% superior ao de 2010.
“Não acreditamos que a crise vá causar uma redução do desempenho da balança comercial este ano”, declarou Schaefer, que é secretário-executivo adjunto do ministério, após participar do World Footwear Congress, evento do setor calçadista. “Tudo o que está previsto este ano vai acontecer”, afirmou.
Ele admitiu, no entanto, que o setor calçadista deve sofrer com as dificuldades enfrentadas pelos países europeus, mas minimizou os possíveis efeitos sobre a indústria calçadista brasileira. “Pode afetar, mas como procuramos diversificar os mercados, acabamos garantindo que nenhum mercado isolado nos abalasse sobremaneira”, disse.
Na abertura do evento, o pesquisador Alberto de Castro, da Universidade Católica do Porto (Portugal), alertou que o recrudescimento da crise europeia pode atingir em cheio o setor. “Dos 15 maiores países compradores, muitos são europeus. Se vier uma crise, é complicado”, disse. “Do outro lado, temos potencial na economia americana, mas ela está paralisada por uma crise política.”
Uma das apostas da política de diversificação brasileira, de acordo com Schaefer, é o mercado chinês. É justamente o país asiático que tem tomado espaço dos exportadores brasileiros em mercados mais maduros, como o norte-americano. Os esforços para vender ao gigante asiático começaram em 2009 e Schaefer diz que o Brasil ainda deve levar algum tempo para ver resultados mais expressivos.
“Não é algo simples fazer com que o empresário brasileiro se aventure na China. Há muitos custos. Por isso, nosso trabalho de incentivo é importante, pois reduz custos e barreiras”, diz ao mencionar parcerias do ministério com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).