O Paraná está dando um passo importante para se tornar, em cerca de cinco anos, uma área livre da febre aftosa, sem a necessidade de vacinação. Ontem, em Curitiba, a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) anunciou que a vacinação do rebanho com mais de 24 meses passou a ser anual, e não mais semestral, como antes.
A medida, respaldada pelo Ministério da Agricultura, representa uma economia imediata de R$ 7,5 milhões e pode abrir novos mercados para a pecuária paranaense.
Com a mudança, na vacinação prevista para maio, apenas os bovinos e búfalos com até 24 meses de idade – cerca de 4,3 milhões de animais, ou 54% do rebanho – deverão ser vacinados.
Somente em novembro é que a imunização será obrigatória para todo o rebanho do Estado. Além do Paraná, a medida também está sendo implantada nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nos dois últimos, vacinações diferenciadas em fronteiras internacionais e regiões pantaneiras continuarão sendo feitas.
“A estratégia é um reconhecimento da sanidade da pecuária paranaense, nos mercados nacional e internacional, e virá junto com outras medidas, como ajustes das nossas barreiras”, disse, ontem, o secretário da Agricultura, Valter Bianchini.
Ele explicou que o prazo de cinco anos para o Estado se tornar área livre da aftosa, sem vacinação, não é rígido e foi baseado no trabalho feito em Santa Catarina, que levou sete anos para adquirir o status. “E nós já trabalhamos dois anos”, completou.
Representantes do setor pecuário aprovaram a decisão. Para o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Alexandre Kiref, a medida possibilita a entrada em mercados com pré-requisitos mais rígidos e é um caminho para o que ele considera o “suprassumo sanitário” na área.
O presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Paraná (Sindileite), Wilson Thiesen, lembrou que a imunização em intervalos mais longos diminui o estresse do rebanho. “No dia da vacinação, se perde 5% da produção diária de leite”, informou.
Requisitos
De acordo com o diretor do Departamento de Fiscalização e Sanidade Agropecuária da Seab, Silmar Bürer, a mudança anunciada ontem é um passo essencialmente técnico, que foi adotado porque o Paraná atende aos requisitos do Ministério da Agricultura, como possuir um cadastro consolidado de propriedades rurais e realizar a vacinação semestral por no mínimo dois anos consecutivos com índices superiores a 80% – os do Paraná chegam a 95%. Além disso, o Estado possui um cadastro informatizado de toda a sua exploração pecuária. “Estamos muito seguros da decisão”, afirmou Bürer.