Para garantir o cumprimento da meta para as contas públicas deste ano, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, prepara um corte mais profundo nas medidas de desoneração tributária e estímulos fiscais concedidos ao longo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

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O governo também busca soluções para acelerar a venda de ativos para engordar o caixa ainda este ano. Na mira, estão as empresas distribuidoras de energia da Eletrobrás.

O corte de desonerações e incentivos, como a extinção do Programa de Sustentação do Investimento (leia mais informações na página B4), virá associado a novas medidas de aumento de tributos e de um contingenciamento mais forte, esperado para março, nas despesas do Orçamento, apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

A equipe econômica pode recuar na alíquota do Reintegra, programa que devolve às empresas 3% do faturamento com exportação de manufaturados. A ideia é reduzir a alíquota para 0,1%, o menor nível permitido pela lei que recriou o programa no ano passado.

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O governo havia prometido retomar o benefício tributário com uma alíquota de 0,3% em 2014 e 3% em 2015. Mas, a seis dias do primeiro turno das eleições, o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou o aumento da alíquota para 3% a partir de outubro do ano passado. Agora, a atual equipe econômica quer manter o programa com o menor custo possível.

Os exportadores esperam um decreto da presidente regulamentando a Lei nº 13.043, sancionada em novembro. Uma fonte do Ministério da Fazenda informou que está em análise a revisão do programa, que é considerado “muito caro”. O governo não considera o programa como prioridade neste momento de dificuldade fiscal.

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“O Plano Nacional de Exportação que está sendo feito sob orientação da presidente não prescinde de forma alguma da manutenção do Reintegra”, disse uma fonte do Ministério do Desenvolvimento.

O Reintegra foi criado por meio da MP 651 de julho de 2014, que já havia sido regulamentada. No entanto, a MP sofreu mudanças no Congresso antes de ser convertida na lei. Por isso, há um entendimento da área técnica de que é necessário um novo decreto. Os parlamentares permitiram que a alíquota chegue a 5% em alguns setores. É a regulamentação que define a alíquota que será aplicada.

As empresas continuam pedindo a devolução dos tributos à Receita Federal, mas há dúvidas entre os exportadores, inclusive, se o programa continua em vigor sem a regulamentação. Alguns empresários já ouviram de integrantes do governo a proposta de reduzir a alíquota para 0,1%, o que tem causado uma certa inquietação.

Salários

Além do pente-fino nos programas de governo para auxiliar no corte do Orçamento, a equipe econômica também deve fazer uma revisão das alíquotas dos setores beneficiados com a desoneração da folha de pagamentos das empresas. Uma análise dos setores está sendo feita. A mudança pode garantir uma receita adicional.

Um dos desafios do ajuste deste ano é o risco de as medidas já adotadas, como aumento dos impostos e alterações nas regras de benefícios trabalhistas e previdenciários, desidratarem no Congresso depois da vitória de Eduardo Cunha, adversário de Dilma, para o comando da Câmara dos Deputados.

As novas frentes do ajuste serão necessárias porque o cumprimento da meta de superávit fiscal ficou mais difícil diante do quadro de recessão em 2015, que deve deprimir a arrecadação de impostos.

Aumentaram as desconfianças no mercado financeiro de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, consiga entregar a meta fiscal de R$ 66,3 bilhões. “A batalha do ajuste ainda não acabou”, disse uma fonte da área econômica.