Brasília (AE) – A área econômica do governo reduziu sua estimativa de crescimento econômico para este ano de 4,5% para 4%. A nova previsão consta do Relatório de Avaliação de receitas e despesas relativas ao quarto bimestre de 2006 e é um dos parâmetros utilizados para calcular as receitas tributárias da União deste ano.
A nova estimativa de 4% para o crescimento da economia ainda é superior à projeção do mercado. Segundo o boletim Focus do Banco Central, divulgado ontem pela manhã, a mediana das previsões é de 3,09%.
Com a nova previsão, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano caiu de R$ 2,101 trilhões para R$ 2,087 trilhões. O governo passou a trabalhar também, segundo o Relatório de Avaliação, com estimativa de IPCA de 3,27% para este ano e de IGP-DI de 3,77%.
Corte nas despesas
Em meio ao aumento do risco dos países emergentes e a uma certa turbulência nos mercados globais provocada por desconfianças sobre a economia americana – que no Brasil é agravada pela crise política – o governo anunciou ontem corte de R$ 1,6 bilhão no orçamento deste ano. A redução é necessária para o cumprimento da meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
O corte determinado pelo governo nas despesas discricionárias do Orçamento da União deste ano decorre de uma redução de R$ 299,7 milhões na previsão da receita primária líquida, transferências constitucionais e legais para estados e municípios, e de novo crescimento das despesas obrigatórias, segundo nota divulgada hoje pelo Ministério do Planejamento. Do total, R$ 1,58 bilhão será cortado das despesas discricionárias (custeio e investimento) do Executivo e R$ 20 milhões do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público da União.
A receita primária total, exceto arrecadação líquida do INSS, cairá R$ 60,2 milhões, segundo a nova estimativa do Relatório de Avaliação de receitas e despesas relativo ao quarto bimestre. Como haverá um aumento de R$ 239,5 milhões nas transferências para estados e municípios, a nova previsão do governo é de que a receita líquida primária da União seja reduzida em R$ 299,7 milhões em relação à estimativa do decreto 5.861, de julho último.
Ministro diz que PIB se recupera neste trimestre
Foto: Arquivo/Agência Brasil |
Guido Mantega: crescimento mínimo será de 1,2%. |
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o PIB do terceiro trimestre crescerá entre 1,2% a 1,4%, ante o trimestre anterior. Por conta desta projeção, o ministro acredita que a previsão da pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, mudará para cima, assim que forem divulgados os números referentes ao crescimento do terceiro trimestre do ano.
Para Mantega, a economia crescerá por conta de uma situação econômica marcada pelo crescimento do emprego na indústria, nos serviços e na agricultura. Ele citou especialmente o setor automotivo, que bate todos os recordes de vendas neste ano.
Mantega lembrou ainda que, no primeiro semestre de 2006, o varejo cresceu 5%, a massa salarial teve um incremento ?extraordinário?, além do crescimento do emprego.
Na avaliação do ministro, o PIB anualmente sofre uma inflexão em determinado trimestre. Em 2006, o trimestre mais fraco foi o segundo, na avaliação do ministro, que reiterou acreditar em recuperação da economia no terceiro e no quarto trimestres deste ano.
Mantega afirmou que o período de abril a junho foi marcado por eventos sazonais, que diminuíram vendas e produção. Ele reafirmou, entretanto, que a projeção de alta para o PIB para este ano é de 4%.
2007
O ministro afirmou também que a economia brasileira reúne todas as condições para registrar um crescimento do PIB acima de 5% no ano que vem.
Segundo Mantega, a vitória contra a inflação permite a adoção de uma política monetária mais flexível, com juros em queda. ?E, nesta semana, ainda teremos a TJLP?, afirmou, referindo-se à reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), amanhã, que decidirá também sobre a Taxa de Juros de Longo Prazo.
Na avaliação do ministro, com uma política monetária mais flexível e o aumento do crédito, ?que cresceu 30% neste ano?, mais o pacote de construção, o PIB superará os 5% em 2007.
Mantega comentou que a redução na projeção de 4,5% para 4% da alta do PIB para 2006, revisão enviada ontem ao Congresso, na forma de relatório de governo, reconhece que a estimativa de 4,5% ?não dá?. ?Portanto, mantemos a projeção de 4%?, afirmou o ministro, que reuniu-se com líderes empresariais de micro e pequeno portes, na sede da Caixa Econômica Federal, em São Paulo.
Mercado também reduz, de novo, previsão para o PIB
Brasília (AE) – As projeções do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano caíram de 3,11% para 3,09% em pesquisa semanal do Banco Central (BC) divulgada ontem. Esta foi a segunda queda consecutiva destas projeções, que estavam em 3,50% há quatro semanas. As previsões de expansão da produção industrial neste ano, por sua vez, recuaram de 3,66% para 3,55%. Esta foi a terceira redução seguida destas estimativas, que estavam em 3,97% há quatro semanas.
Para 2007, as projeções de crescimento do PIB continuaram estáveis em 3,50% pela quarta semana consecutiva. As previsões de aumento da produção industrial no próximo ano também não mudaram e prosseguiram em 4,50% pela 25.ª semana seguida.
Taxa de câmbio
As projeções do mercado financeiro para a taxa de câmbio no final deste mês ficaram estáveis em R$ 2,15 por dólar. Há quatro semanas, estas previsões estavam em R$ 2,17. A estabilidade foi mantida pela terceira semana seguida a despeito do aumento da volatilidade nos mercados no fim da semana passada. Para o fim de outubro, as projeções de câmbio também não mudaram e seguiram estáveis em R$ 2,16. Há quatro semanas, estas previsões estavam em R$ 2,19.
Para o fim do ano, as previsões de câmbio continuaram em R$ 2,18 pela segunda semana consecutiva.
Balança comercial
As projeções do mercado financeiro para o superávit da balança comercial neste ano ficaram estáveis em US$ 43 bilhões. A estabilidade interrompeu uma seqüência de duas semanas consecutivas de elevação destas estimativas, que estavam em US$ 42 bilhões há quatro semanas.
As previsões de superávit em conta corrente para este ano também não mudaram e continuaram estáveis em US$ 10 bilhões. Há quatro semanas, estas projeções estavam em US$ 9 bilhões.
Para 2007, as estimativas de superávit da balança comercial prosseguiram estáveis em US$ 36 bilhões pela quarta semana seguida. As previsões de superávit em conta corrente para o próximo ano também não mudaram e continuaram estáveis em US$ 5 bilhões. Há quatro semanas, estas previsões estavam em US$ 4,20 bilhões.
Investimento estrangeiro direto
As projeções do mercado financeiro para o fluxo de investimento estrangeiro direto neste ano subiram de US$ 15,85 bilhões para US$ 15,90 bilhões. Há quatro semanas, estas previsões estavam em US$ 16 bilhões. Para 2007, as estimativas de fluxo de IED continuaram estáveis em US$ 16 bilhões pela 14.ª semana consecutiva.