Rio (ABr) – O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, afirmou ontem que o governo deverá encontrar, em até quinze dias, uma solução para evitar que as refinarias de Manguinhos, no Rio de Janeiro, e Ipiranga, no Rio Grande do Sul, encerrem suas atividades ainda neste mês. Ambas as refinarias são controladas pela iniciativa privada e alegam que estão tendo prejuízos ao comprarem o petróleo a preços internacionais e vender os derivados a preços do mercado interno.
Silas Rondeau disse que há propostas em estudo, mas elas deverão ser submetidas à equipe econômica do governo. Ele citou como exemplo a que foi enviada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e que sugere o arrendamento temporário da refinaria de Manguinhos pela Petrobras. ?Estamos estudando, mas a idéia é encontrar uma solução para que Manguinhos e Ipiranga continuem prestando seus serviços sem que necessariamente sejam incorporadas por A, B ou C?, acrescentou o ministro.
O ministério também analisa a proposta dos representantes dos trabalhadores que prevê o uso da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), o imposto que incide sobre a importação de petróleo e seus derivados, para compensar os prejuízos financeiros alegados pelos donos das refinarias de Manguinhos e Ipiranga.
Empregos
Quinhentos trabalhadores correm o risco de perder o emprego, caso a Refinaria de Manguinhos suspenda hoje as atividades de refino, como foi anunciado. No dia 8 de julho, a direção da refinaria já tinha anunciado a decisão de interromper temporariamente a compra de novas cargas de petróleo, tendo em vista a defasagem dos preços no mercado internacional em relação aos derivados no mercado interno. Com a suspensão do refino, Manguinhos passa a operar apenas no setor de distribuição de derivados.
Os funcionários da refinaria conseguiram garantir os empregos até o dia 19 deste mês. O acordo foi feito com os acionistas da companhia, formada pelos grupos Peixoto de Castro, nacional, Repsol, espanhola, e YPF, argentina. Juntas, as empresas formaram a Repsol YPF, um dos dez maiores grupos de petróleo do mundo.
Manguinhos foi fundada em dezembro de 1954, impulsionada pela onda nacionalista que tomou conta do país naquela época. Hoje, ela é uma das únicas refinarias privadas no mercado nacional.