Governo busca saída para a região de Figueira

O governo estadual está avaliando os impactos econômicos e sociais decorrentes da desativação da usina termelétrica a carvão da Copel em Figueira, Norte Pioneiro. Um grupo de trabalho integrado por técnicos das secretarias do Trabalho, Emprego e Promoção Social, da Agricultura, do Desenvolvimento Urbano e de Indústria e Comércio dedica-se a dimensionar, com apoio do Ipardes, os efeitos do final das atividades da usina sobre a região e a identificar vocações e oportunidades para a sua sustentabilidade econômica e social no futuro.

Há alguns meses, a diretoria da Copel tomou a decisão de deixar de operar a Usina de Figueira, definida por seu presidente Paulo Pimentel como “uma fonte de prejuízos não só para a empresa, mas para todos os paranaenses que pagam contas de luz”. Embora a desativação da unidade ainda não tenha data certa para ocorrer, ela é “inexorável”, segundo Pimentel. “Realizamos uma infinidade de ensaios e simulações na expectativa de encontrar algum cenário, no qual o custo da produção de energia em Figueira pudesse ser considerado ao menos suportável, mas não tivemos sucesso. Temos convicção de que o funcionamento de Figueira é absolutamente inviável”, analisou.

O presidente da Copel argumentou ainda que a decisão da empresa de desativar a usina apenas antecipou uma situação que teria de ser enfrentada mais à frente. “As reservas aproveitáveis das minas que abastecem Figueira são finitas e vêm sendo exploradas há quase meio século”, afirmou Paulo Pimentel. “Assim, independentemente de vontades, a termelétrica está com seus dias contados e, mais cedo ou mais tarde, a população teria de começar a discutir alternativas a ela.”

Deficitária

A Usina de Figueira é a única termelétrica, entre as 18 centrais geradoras, operadas pela Copel. Inaugurada em abril de 1963, seus 40 anos de funcionamento correspondem ao dobro do tempo de vida útil estimado para instalações do gênero. Sua capacidade instalada nominal é de 20 MW (megawatts), traduzida em potência bruta real de 16 MW e energia assegurada de 14 MW médios. Comparativamente, a capacidade de geração de Figueira equivale ao consumo de uma população de 70 mil pessoas.

Há muitos anos, contudo, a usina tem se mostrado deficitária, registrando custos de produção muito superiores ao preço médio de venda praticado pela Copel junto aos consumidores finais. “A energia de Figueira teve grande importância no passado, quando o Paraná carecia de tudo”, lembrou Paulo Pimentel, que na época da inauguração da termelétrica era secretário estadual da Agricultura. “Hoje, no entanto, além de pouco relevante para o atendimento do mercado consumidor, ela é um dreno de recursos que onera o caixa da empresa e pesa no preço da energia que vendemos.”

Antes de decidir antecipar-se ao problema do esgotamento das minas de carvão e parar a termelétrica, a Copel realizou estudos tentando identificar um cenário que resultasse ao menos num relativo equilíbrio nas contas da operação. “Todas as hipóteses apontaram para a continuidade da situação de prejuízos”, sublinhou o presidente. “Na alternativa mais otimista que conseguimos produzir, a Usina de Figueira acarretaria nos próximos seis anos um prejuízo médio à Copel e aos paranaenses de R$ 1,2 milhão ao ano, e na mais pessimista, de R$ 4 milhões.”

Nesses ensaios, todas as hipóteses possíveis foram contempladas, inclusive a propalada repotenciação da termelétrica. Também foi considerada para fins de cálculo a improvável possibilidade de o reembolso das despesas com a compra de combustível, recentemente reduzido para 75% dos gastos, voltar a ser de 100%.

“Em todos esses cenários, para que a operação da usina atingisse um ponto de equilíbrio econômico-financeiro às custas do preço de venda da energia ali produzida, as tarifas de geração da termelétrica seriam absolutamente irreais no contexto atual e de médio prazo do setor elétrico brasileiro”, completou Paulo Pimentel.

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