O Tesouro Nacional acelerou as compras antecipadas de dólar destinadas ao pagamento da dívida externa para ajudar na política de contenção da valorização do real frente ao dólar, mas integrantes da equipe econômica avaliam que o governo precisa ser mais atuante no mercado cambial.
Há uma corrente dentro do Ministério da Fazenda que defende o uso do Fundo Soberano do Brasil (FSB) para a compra de dólares no mercado à vista. A regulamentação do FSB está pronta e a medida pode ser tomada tão logo haja o aval da Fazenda. Para isso, basta o Tesouro fazer nova emissão direta de títulos para o FSB. Com esses papéis, o Tesouro pode comprar os dólares.
Além do FSB, há na Fazenda os que defendem uma atuação mais agressiva por parte do BC no mercado futuro de câmbio. A avaliação é que, como o mercado futuro no Brasil determina o rumo do mercado à vista, o retorno das operações de swap cambial reverso – equivalentes à compra de dólares no futuro – ajudaria a depreciar o real ante o dólar, dando competitividade às exportações.
Na área técnica, acredita-se que o câmbio só terá um rumo mais claro após a capitalização da Petrobrás, quando se saberá o montante de dólares que entrará no País para comprar as ações da empresa. A expectativa dessa operação levou à montagem de elevadas posições vendidas (aposta na valorização do real) pelas instituições financeiras.
Para o médio prazo, depois de concluída a operação da Petrobrás, os técnicos veem uma tendência mais clara de desvalorização do real, refletindo o rápido crescimento do déficit em conta corrente – que reúne as transações de comércio e serviços do Brasil com o exterior. O aumento intenso do déficit externo é uma força para baixo na cotação do real, uma vez que significa uma fonte estrutural de saída de dólares do País.
A Fazenda entende que a economia continuará em crescimento e isso contribui para a aceleração do déficit externo. Até o momento, economistas do governo consideram que a situação está “em absoluto controle”, mas estão preocupados em evitar que o déficit atinja o patamar 3% do PIB, interpretado como uma zona de risco. Atualmente, o déficit no ano está em 2,1% do PIB.
Mas o fator Petrobrás adia o impacto do déficit externo no câmbio, porque representa um potencial importante de entrada de dólares. Persistem as divergências em torno do preço do barril do petróleo das reservas que serão repassadas pelo governo à petrolífera e os riscos de atraso na operação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.