Governo argentino anula restrição a alimentos

Da mesma forma como as barreiras argentinas contra a importação de alimentos e bebidas começaram a ser aplicadas, também deixaram de existir. Sem nenhum documento oficial, as restrições impostas verbalmente pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, na última semana de abril, foram suspensas ontem pela presidente Cristina Kirchner. A ordem de Cristina a Moreno, segundo fontes oficiais, foi transmitida logo após as declarações da presidente em Madri. Durante sua participação na cúpula do Mercosul e União Europeia, Cristina disse ontem que “nunca existiram restrições”.

No dia 4 de maio, uma fonte do governo do Brasil revelou à Agência Estado que alguns caminhões carregados com milho enlatado produzido pela indústria brasileira tinham sido barrados na fronteira argentina. Nesse mesmo dia, durante reunião do comitê de monitoramento do comercial bilateral, o secretário Executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ivan Ramalho, pediu explicações sobre “os rumores da imprensa que falavam das restrições”. No entanto, o interlocutor de Ramalho, o secretário de Indústria, disse não ter conhecimento da medida. Ramalho reconheceu que o Brasil não foi avisado sobre as barreiras que, teoricamente, só entrariam em vigor a partir de 1º de junho.

Vários outros caminhões brasileiros ficaram retidos na fronteira carregados não só com milho em lata, mas também com frango e produtos elaborados com carne suína. No domingo, a carga foi liberada, mas o recuo argentino só foi comunicado à Câmara de Importadores da República Argentina (Cira) ontem no final da tarde, durante reunião com Moreno. Segundo Miguel Ponce, gerente de Relações Institucionais da Cira, os carregamentos provenientes de outros países começaram a ser liberados após as declarações da presidente.

Contudo, Ponce informou que outras medidas para beneficiar a indústria local do setor vão ser adotadas a partir da data mencionada. Na reunião realizada ontem, os empresários e Moreno discutiram que tipo de medidas pode ser aplicado sem ferir as normas internacionais de comércio. “Os industriais da área de alimentação estão preocupados porque temem que as medidas sejam traduzidas em represálias contra a Argentina”, afirmou Ponce. Segundo ele, os empresários esperam chegar ao dia 1º de junho “com uma solução que possa impedir que os produtos deixem de chegar à mesa dos argentinos”.

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