Governo analisará aumentos das tarifas de serviços públicos

O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, anunciou hoje (09) que na semana que vem o governo começará a debater, com as empresas privatizados de serviços públicos, os aumentos das tarifas destes serviços. O aumento é polêmico, já que grande parte dos analistas considera que a alta destas tarifas causará uma nova e descontrolada disparada da inflação, que desde o início do ano acumula 34,7%.

No entanto, as empresas privatizadas argumentam que precisam elevar os preços, já que foram prejudicadas com o fim da conversibilidade econômica, que ao longo de uma década, até janeiro deste ano, estabeleceu a paridade um a um entre o peso e o dólar. A desvalorização, afirmam, aumentou o custo dos insumos  a maioria proveniente do exterior.

O aumento das tarifas dos serviços públicos está sendo pedida pelas empresas desde o início do ano, mas até agora o governo do presidente Eduardo Duhalde havia se recusado em aceitá-lo. O governo temia que isso causaria uma disparada da inflação, além de provocar intensa irritação na população, o que complicaria o panorama social, justamente um dos lados mais fracos da administração Duhalde.

No entanto, nos últimos dias, junto com as pressões das empresas e do FMI, as recomendações do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O?Neill, conseguiram convencer o governo Duhalde para permitir o aumento.

A alta das tarifas não passará pelo Congresso Nacional, mas sim, através de audiências públicas. As discussões começarão com as empresas de distribuição de água, para depois passar para as de gás e energia elétrica.

Enquanto o aumento dos serviços públicos não ocorre, o governo autorizou a elevação do preço dos combustíveis. Os aumentos vão, em média, de 6% a 8%. Desta forma, desde o início do ano, o aumento acumulado dos combustíveis foi de 74%, em média.

O aumento teve uma repercussão amplamente negativa na população e em diversos setores da economia argentina. O secretário-geral do sindicato dos taxistas, Omar Viviani, disse que ?nesta último semestre a inflação foi terrível. Os deputados teriam que perceber que a sociedade argentina não resiste a mais um novo aumento?.

A reação chegou aos tribunais. O jurista constitucionalista Eduardo Barcesat denunciou ontem na Justiça o presidente Duhalde e o ministro Lavagna por falta de cumprimento dos deveres de funcionário público e abuso de autoridade, já que o aumento do preço dos combustíveis somente poderia ser autorizado pelo Poder Legislativo, e não pelo Poder Executivo.

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