Governador garante que a Copel não vai reajustar tarifas em 2004

Em entrevista ao canal Bloomberg, que veicula informações em tempo real do mercado financeiro, o governador Roberto Requião afirmou ontem que a Copel não vai reajustar as tarifas neste ano. "A política de descontos que a Copel adotou reduziu os índices de inadimplência pela metade. Num determinado momento teremos que mexer nas tarifas para acompanhar a inflação, mas não há nenhuma previsão de data para isso acontecer", afirmou. Requião está em Nova York, onde abriu ontem pela manhã o pregão da Bolsa de Valores norte-americana.

Requião afirmou que a aplicação do reajuste ainda é uma medida a ser estudada e que a principal preocupação da Copel no momento é aumentar o número de consumidores. Segundo explicou o governador, a estatal é superavitária na produção de energia elétrica e vende energia para outros estados como São Paulo, por um preço baixo, e o ICMS incidente dessa venda é recolhido no destino. "O interesse maior da nossa empresa é vender energia dentro do Paraná porque vendemos por um preço melhor, em larga escala, aumentando o rendimento da Copel", explicou.

O governador lembrou que quando ele e o presidente da Copel, Paulo Pimentel, assumiram a empresa, o balanço do ano anterior apontava o maior prejuízo da história da Companhia – R$ 320 milhões. No entanto, a renegociação de contratos de compra de energia e a verticalização da empresa garantiram a reversão do quadro. "Quando assumimos herdamos um prejuízo de mais de R$ 300 milhões mas hoje estamos aqui, festejando os 50 anos de uma empresa superavitária", disse Requião.

Política

Questionado sobre a atual política econômica praticada pelo governo federal, o governador do Paraná mostrou seu descontentamento e apontou algumas sugestões, como a queda dos juros praticados pelo Banco Central. "Não vejo com simpatia a atual política econômica. Ela não produz crescimento e nem gera empregos na quantidade exigida pelos brasileiros", afirmou.

Para Requião, é preciso devolver ao País o desenvolvimento e aumentar o consumo interno, "sem ter que depender de variações do mercado internacional". Ainda falando sobre a política brasileira, o governador afirmou que a posição do PMDB não é de oposição ao governo federal, mas de independência. "Nós vamos apoiar todas as medidas que interessem ao País", garantiu.

O governador também criticou a relação do governo federal com o Congresso. "O governo tem que acabar com a negociação deputado a deputado, tem que sair do varejo. O bloqueio da pauta na Câmara dos Deputados é conseqüência de uma política errada de liberar emendas parlamentares", ponderou Requião, que acredita que as emendas devem existir apenas para grandes projetos.

"Quando o Congresso se transforma num mercado persa e as votações importantes para o País dependem de pequenos favores, nós chegamos a um impasse como esse", declarou o governador.

Porto

O porto de Paranaguá também entrou na pauta da entrevista ao canal financeiro. Requião explicou que as filas no ano passado foram geradas por um locaute no Porto de Paranaguá, liderado por operadoras portuárias, mas que um sistema informatizado garante que os caminhões não fiquem parados na estrada.

"O porto é extraordinariamente eficiente, mas é objeto da cobiça de quadrilhas que querem tomar conta do porto para escolher seus clientes. O porto é público e está lá para atender a todos os empresários interessados em exportar", disse. Requião também informou que as obras de construção do cais oeste darão maior agilidade ao porto, que já é o maior exportador de grãos do mundo.

FRASES:"Fiquei sob fogo cerrado da mídia, de alguns funcionários do governo federal e de parte do parlamento brasileiro, em função da minha determinação de suspender o pagamento e renegociar contratos extremamente lesivos aos interesses dos paranaenses e de investidores da Copel."(do governador Roberto Requião, em palestra na Bolsa de Nova York.)"

Como os senhores viram, o ?Risco-Requião? era, na verdade, a ?Solução Paraná?. Se os contratos a que me referi fossem cumpridos a ferro e fogo, seguindo o princípio fundamentalista do ?Pacta sunt servanda?, não estaria aqui para tocar o sino de abertura do pregão. Estaria aqui, certamente, para fazer soar o toque de finados, anunciando o fim da empresa".(Idem)

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo