O governador Roberto Requião, acompanhado do presidente da Copel, Paulo Pimentel, abriu ontem pela manhã o pregão da Bolsa de Valores de Nova York. A cerimônia aconteceu às 9h15 (12h15 no horário de Brasília), mas, antes de tocar o sino que abre o pregão, Requião falou a representantes e convidados da bolsa, durante um café da manhã.

continua após a publicidade

Requião almoçou com analistas e investidores na sede do Banco de Nova York, onde fez nova palestra e respondeu a perguntas dos presentes. Abaixo, a íntegra do primeiro discurso do governador na cidade norte-americana.

"Não deixa de haver uma certa ironia nesta homenagem que a Bolsa de Nova York, o centro nervoso do mercado global, faz à Companhia Paranaense de Energia. Empresa de capital misto, sob controle do governo do Estado do Paraná, a Copel esteve no centro de um aceso debate, logo no início de meu mandato, em janeiro de 2003.

Herdamos, do governo que nos antecedeu, uma empresa com um prejuízo, indicado em balanço, de trezentos e vinte milhões de reais. Três contratos de compra de energia, firmados de forma irresponsável e suspeita, anunciavam dias funestos para a Copel.

continua após a publicidade

Que fiz? Determinei a imediata suspensão do pagamento dos contratos, para renegociá-los e salvar a Copel da insolvência certa e rápida. Foi um deus-nos-acuda! Disseram que eu estava inflando o "risco-Brasil". Inventaram um tal de "risco Requião", para classificar a minha decisão de renegociar contratos.

Sentamos à mesa com empresas espanholas e norte-americanas, com as quais a Copel firmara os contratos. Com duas empresas, uma espanhola e outra norte-americana, depois de uma dura mas respeitosa negociação chegamos a um bom termo, e repactuamos os acordos. Um terceiro contrato, também com empresa norte-americana, ainda está sendo renegociado e acreditamos que também chegaremos a um acordo.

continua após a publicidade

A renegociação dos contratos e uma política de gestão austera, eficiente, recuperaram a Copel. E já em nosso primeiro ano de mandato, em 2003, fechamos o ano com um lucro de cento e setenta milhões de reais. E, no balancete encerrado no dia 30 de setembro deste ano, a Copel apresenta um lucro de trezentos milhões de reais.

Essa a ironia. Criticado com tanta virulência pela minha decisão de renegociar contratos malfeitos e suspeitos, vejo-me em Nova York, centro do capitalismo mundial, para ver a nossa Copel sendo homenageada pela sua saúde financeira.

Afinal, não salvamos a Copel apenas para o benefício de paranaenses e brasileiros. O fizemos, também, para garantir os investimentos de trezentas instituições de grande porte que, aqui nos Estados Unidos, confiaram e decidiram investir na Copel. Estas instituições tem 15% do capital social da empresa e representam milhares de cidadãos americanos.

Em nome dos paranaenses, em nome da Copel os nossos agradecimentos à homenagem. Tenham certeza a Copel será gerida sempre com ética, profissionalismo, eficiência e transparência. Será sempre uma empresa socialmente responsável, lucrativa e boa de se investir. Muito obrigado."