Apesar de acusado de fraude nos Estados Unidos, o Goldman Sachs distribui US$ 5,3 bilhões em bônus a seus executivos no primeiro trimestre e agora será investigado também na Europa. Hoje, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou que vai pedir a abertura de um processo. Na Alemanha e em outros países europeus, as autoridades também preparam investigações, em um sinal de que a pressão cresce sobre o maior banco de investimentos do mundo.

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A empresa está sendo processada por fraude nos Estados Unidos e por ter gerado a perda para clientes de US$ 1 bilhão. Mesmo assim, neste fim de semana, a imprensa inglesa revelou que a empresa indicou que daria bônus de U$ 5,3 bilhões a seus executivos, ampliando a polêmica em relação ao banco. No ano passado, o banco já havia distribuído US$ 15,3 bilhões em bônus.

Brown, em pleno período eleitoral, se diz “chocado” com a atitude da empresa, quer uma investigação também sobre os bônus e acusou o Goldman Sachs de viver uma “falência moral”.

Nos Estados Unidos, as autoridades regulatórias abriram na sexta-feira um processo contra o Goldman, acusando de vender produtos que sabia que fracassariam se a bolha no mercado imobiliário explodisse. O banco não teria dito aos investidores que esses produtos haviam sido desenhados por grupos que estavam justamente apostando no fracasso desses papéis.

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Entre os maiores compradores desses produtos estavam bancos do Reino Unido e Alemanha. O Royal Bank of Scotland, por exemplo, havia comprado papéis no valor de US$ 841 milhões. Hoje, o banco é controlado pelo Tesouro britânico e o Reino Unido foi obrigado a colocar US$ 70 bilhões para salvá-lo.

Agora, Gordon Brown apela por uma “investigação especial” diante do anúncio da distribuição de bônus, do fato de que o banco já havia sido informado há meses de que seria investigado e diante dos prejuízos gerados aos cofres ingleses. Para ele, a Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido precisaria lançar a investigação “imediatamente”.

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Brown ainda quer um processo em cooperação com os americanos. Isso porque a acusação da sexta-feira nos Estados Unidos indicou que um dos vice-presidentes do grupo, Fabrice Tourre de apenas 31 anos, era alvo

central do processo. “Centenas de milhões de libras foram negociadas aqui (em Londres) e parece que pessoas foram enganadas sobre o que ocorreu”, apontou Brown. “Esse é provavelmente um dos piores casos que já vimos”, disse.

O maior banco de investimentos do mundo se recusou a se pronunciar sobre os comentários de Brown. Mas a realidade é que a onda de investigações promete se proliferar. Na Alemanha, Ulrich Wilhelm, o porta-voz da chanceler Angela Merkel, confirmou que as autoridades regulatórias pediriam informações dos Estados Unidos, com vistas a abrir seu próprio processo.

As autoridades americanas concluíram que o Goldman Sachs teria gerado prejuízos de US$ 150 milhões para o IKB Deutsche Industriebank, a primeira vítima alemã do subprime. O banco teve de receber 10 bilhões de euros do governo de Berlim para ser salvo. “Vamos considerar passos legais”, afirmou Wilhelm.

O banco já estava sendo investigado pela UE por ter ajudado a Grécia a esconder sua dívida. “A investigação será profunda e completa”, afirmou o comissário de Economia da UE, Olli Rehn, neste fim de semana. Na sexta-feira, o banco afirmou que as denúncias eram “sem fundamento” e que o banco iria “vigorosamente defender sua reputação”.