O Brasil aparece duas vezes entre as seis principais recomendações de investimento do banco Goldman Sachs para 2017. Em um documento enviado aos clientes, a instituição sugere o Brasil na renda fixa e em ações. Primeiro, o banco recomenda a compra de reais, entre outras moedas emergentes, para aproveitar os juros altos e a perspectiva de valorização da divisa. Em seguida, recomenda ações brasileiras, indianas e polonesas, já que essas economias estão em trajetória positiva e as ações locais estariam menos expostas a eventuais turbulências na China.

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Mesmo com os sinais repetidos de que a economia brasileira se recupera em processo menos intenso e vigoroso que o imaginado, o Goldman Sachs colocou o Brasil entre as oportunidades de investimento no próximo ano. No documento “Principais recomendações para 2017”, o banco apresentou seis ideias de alocação de recursos que “representam algumas das mais elevadas convicções” dos economistas da casa.

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Nesse documento, a terceira recomendação é comprar moedas emergentes com “bom carry trade” (tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo em outro com taxas de juros maiores) e que, ao mesmo tempo, podem servir de alternativa à China – país que ainda representa incerteza ao investidor. A sugestão é montar posições “em uma cesta igualmente dividida entre real brasileiro, rublo russo, rupia indiana e rand sul-africano” com recursos obtidos na venda de wons da Coreia e dólares de Cingapura. Nessa operação, o banco diz que é possível conseguir retorno anualizado de 14% – sendo metade na diferença de juros e a outra metade na valorização das moedas.

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O banco explica a escolha dessas moedas emergentes por quatro motivos principais: “fortalecimento substancial das contas externas, inflação em trajetória declinante, generoso carry trade em termos reais e perspectivas de crescimento mais forte no próximo ano”.

Nem a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos parece preocupar o Goldman Sachs na análise das moedas emergentes. Os economistas reconhecem que a turbulência gerada pela eleição pressionou várias moedas emergentes, inclusive as sugeridas. A desvalorização recente, porém, é encarada como “pontos de entrada mais atrativos” aos investidores. Ou seja, divisas mais fracas permitem que o estrangeiro troque dólares por mais reais ou rublos – o que é positivo para a montagem de novas posições.

Ainda no câmbio, o Goldman Sachs prevê que as divisas citadas deverão voltar a se valorizar. “Nesses quatro casos, nossa previsão de 12 meses é significativamente mais forte que o precificado no mercado”, afirmam. Para o Brasil, a casa prevê que dólar a R$ 3,40 em 12 meses. O Goldman nota, porém, que as divisas emergentes poderão estar mais fortes conforme a trajetória dos juros nos Estados Unidos.

Bovespa

A quarta principal recomendação do banco para 2017 diz respeito a três bolsas de valores emergentes: Brasil, Índia e Polônia. Depois de anos com fracos resultados, os economistas destacam a recuperação recente desses mercados. “A melhora tem sido, até agora, amplamente gerada por companhias ligadas às commodities, mas nós esperamos uma transição para as empresas ligadas aos mercados domésticos, principalmente devido à melhora das condições financeiras ao longo deste ano”, citam os analistas.

No caso específico da Bolsa de Valores de São Paulo, o Goldman Sachs reconhece que o mercado paulista tem comportamento historicamente ligado à trajetória da China. O cenário atual, porém, seria outro. “O mercado do Brasil tem mudado significativamente a sua composição nos últimos anos. As empresas ligadas às commodities respondem atualmente por 25% do valor do mercado contra 52% no começo de 2010. Por isso, a Bovespa tem tido um comportamento diferente de outros mercados da região”, argumentam os analistas.

Além das duas recomendações que citam o real e a Bovespa, as outras sugestões do Goldman Sachs são: 1) montar posições em dólar contra libra e euro; 2) desmontar posições no yuan chinês diante das incertezas na economia asiática; 5) reforçar posições em títulos de dez anos dos Estados Unidos e dívida em euros ligada à inflação e 6) posições em ações com histórico de elevados dividendos.