Com algum atraso, a Gol inicia esta semana a comercialização de sua “classe conforto” em todos os seus voos domésticos. Antes, o produto, chamado ‘Gol+ Conforto’, era exclusivo da ponte aérea Rio-São Paulo. Agora, qualquer passageiro de voos nacionais pode optar por pagar um valor adicional para utilizar um dos assentos das primeiras fileiras da aeronave, com mais espaço. As passagens serão oferecidas para voos operados a partir de 1º de outubro.
A expansão do produto já havia sido anunciada em fevereiro, quando a companhia informou que mudaria a configuração de 100% de sua frota que atende a malha doméstica, para a incorporação dos assentos mais espaçosos. Mas o processo foi mais lento que o inicialmente previsto. Em fevereiro, a estimativa era ter 116 aeronaves com a nova configuração antes do período da Copa do Mundo, “cobrindo 100% das operações do mercado doméstico” – como informou a companhia na época. Mas em maio a Gol havia alcançado apenas 84% da frota doméstica. O processo de mudança foi interrompido na alta temporada (junho e julho), retomado em agosto, e só será concluído para outubro, com 139 aeronaves com a configuração. Por isso, só agora a companhia inicia efetivamente a cobrar pelo diferencial de espaço.
Em entrevista à reportagem, o diretor de Produtos da Gol, Paulo Miranda, explicou que preferiram não iniciar a cobrança apenas em alguns trechos, utilizando a parte da frota já reconfigurada, para não criar complexidade de operação. “Isso criaria ineficiência de malha, e contrariaria o DNA da companhia, que é ter estrutura de custo eficiente”, disse.
Com a nova configuração das aeronaves, as primeiras fileiras de poltronas passam a ter cerca de 10 centímetros adicionais, alcançando 86,3 centímetros (34 polegadas), e uma reclinação de encosto 50% maior. O espaço também será maior nas demais fileiras, de cerca de 78,7 centímetros (31 polegadas). Essa mudança reduz a oferta de assentos em cerca de 2%, informou a empresa. De janeiro a agosto, a oferta da Gol reduziu 2,7%.
Além de garantir uma maior taxa de ocupação e um aumento da receita de passageiro por quilômetro oferecido (Prask), a comercialização dos assentos ‘Gol+’ também colabora no aumento das receitas da empresa, que não divulga os números sobre o produto. Para os assentos especiais na ponte aérea, comercializados desde novembro de 2013, a Gol cobra um adicional de R$ 30. Nas demais rotas, o valor deve variar de R$ 20 a R$ 40, dependendo da distância e tempo de voo. Miranda comentou que possíveis ajustes podem ser feitos, conforme o desempenho das vendas.
“A aceitação do produto na ponte superou as expectativas. Nas pesquisas de satisfação, a nota Gol melhorou consideravelmente depois que lançou o Gol+ e recebemos elogios espontâneos, fatos que ajudaram a balizar a expansão”, comentou. Pesquisa interna apontou que a média de satisfação de conforto na ponte aérea foi 11% acima da média geral Gol, segundo dados de julho.
Para o mercado internacional, não há previsão de ofertar o produto, por ora, indicou Miranda. “A prioridade é para os voos domésticos”, comentou. A companhia chegou a divulgar que o serviço seria oferecido até o fim do ano também no segmento, mas o executivo disse que ainda está em análise a possibilidade de efetivamente oferecê-lo. Ele ressaltou, porém, que como os aviões serão utilizados nas rotas internacionais, os passageiros poderão experimentar gratuitamente os assentos mais espaçosos.
Miranda lembrou que nos voos internacionais mais longos (para EUA, Caracas, Santiago, Santo Domingo, Miami e Orlando), os clientes já têm a opção de compra de bilhetes da classe ‘Confort’, com assento do meio bloqueado, atendimento a bordo diferenciado e franquia adicional de bagagens. “Nas rotas curtas (como Buenos Aires), a oferta do Gol+ está em avaliação”, disse.