A GM quer suspender temporariamente o contrato de trabalho de parte dos 5,3 mil funcionários da fábrica de São José dos Campos (SP) para ajustar a produção à demanda menor por veículos. A decisão veio logo após o retorno das férias coletivas concedidas aos trabalhadores por 16 dias. Eles retornaram ao trabalho na quarta-feira, 23.
Na quinta-feira, 24, a montadora comunicou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos que pretende usar o lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho) na fábrica local. A empresa não detalhou quantos funcionários estariam envolvidos na suspensão do contrato, mas o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, disse que seriam cerca de mil trabalhadores.
“Não há justificativa para a implantação do lay-off”, disse o presidente do sindicato. Na fábrica de São José dos Campos são produzidos motores, conjuntos de transmissão e os veículos Blazer e S10, muito demandados pelo agronegócio e que não teriam registrado queda nas vendas, disse Barros.
Salário
Para o sindicalista, a montadora estaria usando o lay-off no momento de campanha salarial dos metalúrgicos, que reivindicam reajuste de 12,98%, para esfriar as negociações. Além disso, o presidente do sindicato argumenta que não há planos de lay-off para as fábricas da GM de Gravataí (RS) e de São Caetano do Sul (SP), que tiveram queda nas vendas. Nessas duas unidades houve férias coletivas. Em São Caetano, entre os dias 7 e 24 deste mês e em Gravataí, entre 7 e 22 de julho. A assessoria da GM informou que os planos de lay-off são para São José dos Campos.
Reação
Em resposta à decisão da GM, o sindicato dos trabalhadores protocolou ofício junto à empresa cobrando estabilidade no emprego. Como forma de garantir a manutenção dos empregos o sindicato pede a redução da jornada para 36 horas semanais sem corte de salário. No documento, o sindicato reivindica o cumprimento dos acordos coletivos que preveem investimentos de R$ 3 bilhões na fábrica de São José dos Campos. De acordo com Barros, a implantação da suspensão temporária do contrato de trabalho depende da concordância do sindicato dos trabalhadores.
Barros lembra que, no início deste mês, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), presidida por Luiz Moan, diretor da GM, renovou o acordo de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para veículos, tendo como contrapartida a manutenção do emprego na indústria.
A decisão da GM de usar o lay-off para reduzir a produção já foi adotada por outras montadoras. No início do mês, a Mercedes-Benz suspendeu temporariamente o contrato de trabalho de 1,2 mil funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Também estão em lay-off 790 funcionários da Volkswagen do ABC paulista e 200 da MAN/Volkswagen em Resende (RJ).
Descompasso
O ajuste na produção é necessário para reverter o descompasso entre o ritmo de fabricação e a queda nas vendas, que ampliou o volume de estoques. As montadoras encerraram o primeiro semestre com queda 7,6% nas vendas em relação ao mesmo período de 2013. Foi o pior desempenho desde 2010. De janeiro a junho foi licenciado 1,662 milhão de veículos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.