Gisele Bündchen pode ter razão sobre o dólar, diz UBS

Gisele Bündchen já mereceu destaque da imprensa econômica, ao declarar que preferia ser remunerada em outra moeda em vez do dólar, diante da desvalorização da divisa norte-americana. Agora ela serve de mote para um relatório do banco suíço UBS. Com o título "O dólar: as supermodelos estão certas?", os economistas do banco suíço UBS, Paul Donovan, Larry Hatheway, Andrew Cates e Sophie Constable avaliam que a supermodelo brasileira, aparentemente, acertou o ponto.

"O uso do dólar como moeda de reserva internacional está diminuindo e há evidências de que, particularmente para o setor privado, outras moedas estão se tornando cada vez mais importantes em um nível local", ponderam. "Mas ainda é cedo para se falar que a divisa norte-americana perderá seu status dominante na função de reserva internacional no curto prazo", ressalvam os economistas.

Um respaldo para que o dólar não perca o trono de moeda predominante para reservas é o que os economistas do UBS chamam de "inércia nos mecanismos de preço de produtos nos mercados internacionais". Os analistas lembram que as reservas em dólar pelo setor privado são muito mais importantes do que a de bancos centrais. O setor privado tem reservas 20 vezes maiores em dólares do que os BCs, já que usam essa divisa para precificar seus produtos. "O setor privado parece estar se movendo para longe do dólar como moeda de reserva e isso tem ocorrido em um ritmo mais acelerado desde 2000", destacam, mas, segundo os analistas, esse é apenas o início do fim da hegemonia do dólar e não o fim. "Será necessário um choque exógeno grande para destronar o dólar", observam.

Setores como o de fabricação de chips de memória, aparelhos de informática portáteis e telas de LCD fecham 100% de seus negócios com o uso de dólares. "A maioria dos compradores desses produtos está domiciliada nos EUA e mesmo consumidores não-americanos pagam em dólares para os produtores da Coréia e de Taiwan, por exemplo". No setor de semicondutores, o dólar é a moeda utilizada nos negócios 100% das vezes. O mesmo acontece com as transações de papel e celulose e petróleo. Nessas áreas, deve haver pouca mudança no status do dólar como moeda de reserva. Setores como o de lazer e hotelaria e seguros, no entanto, devem usar menos o dólar como reserva, já que a fatia dos EUA nesses mercados deve diminuir. No caso dos seguros, com a expansão da Europa oriental e da Ásia, os negócios fechados em moedas locais e a necessidade de proteger essas transações em dólar deve diminuir.

Outro fator que deve continuar a ajudar o dólar é que o uso de uma única moeda traz benefícios econômicos, já que minimiza a necessidade de uso dos mercados de câmbio. Além disso, segundo os economistas, os bancos centrais devem, provavelmente, continuar enfatizando a presença do dólar em suas reservas, como tem ocorrido nos últimos anos. Mas o aumento dos fundos de riqueza soberana sugere que pode aumentar a disposição para a diversificação de portfólio. "Essa diversificação deve dar menos ênfase à liquidez e mais ao rendimento, o que pode levar a uma realocação que se distancie do dólar".

O UBS, no entanto, lembra que a redução do status de reserva do dólar não significa que a depreciação da moeda seja infinita. "Mas sugere que o nível de sustentabilidade do déficit em conta corrente dos EUA é menor do que no passado e deve continuar caindo".

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo