As gigantes de petróleo dos Estados Unidos voltaram a apresentar redução no lucro e nas receitas no primeiro trimestre deste ano. A produção de petróleo segue em queda e, além disso, as margens fracas no refino do óleo, aumento de custos e o inverno rigoroso no Hemisfério Norte contribuíram para o segmento ficar com o pior desempenho de resultados entre todos os setores das bolsas em Wall Street. Os números só não foram mais fracos em algumas companhias, destacam os analistas, porque o preço do gás natural subiu no período e ajudou a melhorar parte dos indicadores.
O setor de energia, que nos EUA inclui as petroleiras, gás natural, carvão e outros segmentos, como refino e distribuição, foi o com pior desempenho de resultados financeiros no primeiro trimestre, com queda de 4,1% nos ganhos, segundo a FactSet, empresa especializada em calcular consensos de analistas. Quando se olha apenas os resultados do subsegmento de petróleo e gás, a queda nos ganhos foi ainda maior, de foi 27%.
O setor de energia foi o único a apresentar faturamento estagnado no período, enquanto que, no geral, as receitas cresceram 2,8%, de acordo com a FactSet. Quando se considera apenas o subsegmento de petróleo e gás, a queda foi de 10% no faturamento. Uma das únicas exceções foi a ConocoPhillips, com alta de 9,5% no faturamento, mas que também teve lucro menor que no primeiro período de 2013.
A piora dos resultados do setor de energia foi puxada pelas duas gigantes de petróleo. A Chevron, segunda maior empresa do setor nos EUA, registrou queda de 27% no lucro no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado e de 6,3% nas receitas, números abaixo do esperado pelos analistas. A ExxonMobil, maior petroleira do país e do mundo, teve queda de 4% nos ganhos e de 1,5% no faturamento. Foi o quarto trimestre consecutivo que a Exxon mostrou redução de resultados. Apesar disso, a empresa conseguiu bater a expectativa dos analistas, principalmente por conta da alta dos preços do gás natural.
Os balanços fracos do setor de petróleo não se limitam às empresas norte-americanas. As gigantes europeias também amargaram piora ainda mais expressiva de resultados. Na BP, o lucro teve queda de 79% no trimestre; na holandesa Royal Dutch Shell, o ganho recuou 45% e na francesa Total, 10%.
Um traço comum em alguns balanços é a queda da produção de petróleo. Os analistas destacam que as empresas estão tendo que extrair o óleo em locais cada vez mais difíceis, como águas profundas no oceano ou em regiões mais distantes, como no Ártico e na Tanzânia, para compensar o menor nível de produção em campos tradicionais, que vem se reduzindo com o esgotamento natural das reservas.
Essas novas operações exigem mais investimentos, afetando o lucro. “O crescimento da produção permanece um desafio”, destaca o analista de petróleo da corretora Edward Jones, Brian Youngberg, ressaltando que a Exxon, por exemplo, segue com dificuldade de crescer a extração na medida em que os novos projetos têm dificuldade em ofuscar o declínio da produção nos campos tradicionais. Na Exxon, a produção de petróleo e gás teve queda de 5,6% no primeiro trimestre comparado ao mesmo período de 2013.
Na Chevron, os menores volumes de produção, especialmente no Golfo do México, reduziram os ganhos em US$ 50 milhões, segundo o gerente geral de Relações com Investidores, Jeff Gustavson, destacou na teleconferência com analistas para comentar o balanço. Para complicar, o inverno rigoroso afetou a produção da petroleira em locais como os Estados Unidos, Canadá e Casaquistão, disse ele. Além disso, a queda dos preços internacionais do petróleo afetou o resultado da empresa. O volume de produção da Chevron caiu 3% e Youngberg, o analista da Edward Jones, reduziu as projeções de lucro ajustado por ação para a petroleira em 2014, citando ainda aumento de custos operacionais no primeiro trimestre e queda de 13% no resultado do segmento que inclui as refinarias.
Além do desafio de produzir mais, a economia mundial não tem sido muito favorável para o setor de petróleo. O vice-presidente de Relações com Investidores da Exxon, David Rosenthal, destacou na teleconferência de resultados que o crescimento mundial continua em ritmo moderado e com tendências divergentes entre os países, além do fator de os Estados Unidos terem vivido um inverno rigoroso e a expansão da China passar por uma moderação. Tudo isso afeta a demanda pela commodity.