Membro do conselho de administração da Petrobras como um dos representantes dos acionistas minoritários, Mauro Cunha listou, em seu voto contrário à aprovação do balanço da estatal, 12 documentos pedidos previamente por conselheiros que não foram enviados pela companhia. Cunha alegou falta de tempo hábil e acesso a documentos para votar contra. O conselheiro também criticou a decisão de fazer baixa contábil por corrupção e a política de hedge da estatal.

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“Nem mesmo o parco prazo de duas horas concedido nas análises trimestrais recentes se verificou desta feita. Recebemos às 11h40 desta data cerca de 319 páginas de documentos, que foram aprovadas mediante apresentações de PowerPoint, sem ter sido possível a qualquer conselheiro a leitura das demonstrações”, escreveu Cunha, na manifestação em separado que consta em anexo da ata da reunião do conselho do último dia 22.

Os 12 documentos foram pedidos, tanto por Cunha quanto por José Monforte, o outro representante dos minoritários no conselho, entre 27 de fevereiro e 6 de abril. Segundo uma tabela colocada por Cunha em seu voto contrário, nenhum dos documentos pedidos foi enviado aos conselheiros.

O conselheiro criticou também as baixas contábeis feitas pela Petrobras nos resultados do terceiro (R$ 6,194 bilhões, por causa de suspeitas de corrupção levantadas pela operação Lava Jato) e do quarto (R$ 44,636 bilhões por imparidade) trimestres. Cunha defendeu que não fosse feita a baixa por corrupção, considerada “inoportuna”.

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“Até onde se sabe, a Petrobras não corrompeu ninguém nem pagou propina. A Petrobras foi vítima da corrupção feita por terceiros. Assim, não vejo sentido em lançarmos esses valores baseados nas delações premiadas de pessoas inidôneas”, escreveu Cunha.

Sobre a baixa por imparidade, principal responsável por fazer a companhia registrar prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991, Cunha disse reiterar críticas que vinha fazendo desde 2013.

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“O que vemos neste momento é a apresentação de um lançamento de imparidade que na minha opinião não guarda relação com a dimensão de superavaliação de nossos ativos”, diz o conselheiro, que cita especificamente as baixas relacionadas ao adiamento das obras da segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest, em Pernambuco) e do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). “A perda se deu fundamentalmente por esta decisão pelo adiamento, e não (aparentemente) por conta da supervalorização generalizada dos ativos, que já existia desde 2013”, completa.