A crise está chegando ao Paraná. O reflexo começa a ser sentido no emprego formal. Segundo dados divulgados ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o mês de outubro apresentou o menor índice de criação de empregos no Estado.
Foram 6 mil, quase um terço do que foi criado no mês de setembro (17,4 mil) e menos que a metade do registrado em outubro do ano passado, quando foram criados 13.086 empregos.
Este saldo foi o segundo pior, para o mês, desde 2003. O Paraná ficou atrás de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que registraram, respectivamente, saldo de 8.976 e 8.873 contratações a mais, variações positivas de 0,58% e 0,43%.
No acumulado de janeiro a outubro, o nível de emprego no Estado cresceu 8,26% comparado com o mesmo período do ano passado. Com esses números, o Estado acumula saldo de mais de 160 mil vagas nos primeiros dez meses do ano – o melhor resultado desde 1992.
Em doze meses o saldo de empregos é positivo em 6,87%, com 138.662 vagas preenchidas. Conforme dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) o número atual de trabalhadores com carteira assinada no Paraná é de aproximadamente 2,108 milhões.
Outubro também foi o mês em que houve o maior número de demissões. Foram 43,8 mil desligamentos contra 39.522 registrados em setembro em Curitiba e região metropolitana.
Em todo o Paraná, desde o início do ano, foram mais de 1,1 milhão de demissões até outubro, mês que registrou um total de 105.009 desligamentos, o pior número desde janeiro de 2006.
Mesmo assim, o mês apresentou aumento de 0,28% nas admissões. O resultado é superior ao desempenho nacional (0,20%). O interior apresentou aumento de 0,18% no nível de emprego. Já a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) teve alta de 0,45%.
Segundo o economista do Dieese, Sandro Silva, o número de demissões de outubro já pode ter sido um reflexo da crise na economia internacional. “A instabilidade financeira de algumas empresas, principalmente aquelas ligadas à exportação, além de setores que dependem do crédito, que ficou mais restritivo com a crise, podem ter contribuído para o grande número de demissões”, afirma.
Para novembro, segundo Silva, o saldo deve se manter positivo, apesar de historicamente haver uma redução em relação ao mês de outubro. “Nesse ano, o mês de novembro pode ser atípico e registrar uma alta superior ao que foi verificado no mês anterior, já que outubro teve um resultado muito abaixo do esperado”, comenta.
Segundo o Dieese, o setor que mais cresceu no Paraná em outubro foi o de metalurgia, com variação de 0,81%. Já quem mais criou vagas foi o comércio varejista, com 3.134 vagas, que no acumulado do ano registra a abertura de 24,4 mil novas vagas, o setor que mais contribuiu para que o índice fosse positivo. O setor de calçados foi o que, em média, mais demitiu, com variação negativa de 3,89% e 115 vagas a menos.
No acumulado do ano, o maior crescimento médio é da construção civil, com alta de 24,76% e 18 mil novas vagas. Mesmo com o cenário diante da instabilidade da conjuntura econômica pouco animador, o economista se mostra otimista para dezembro. “Dependendo do resultado de novembro, poderemos fechar o ano com um saldo superior ao ano de 2004”, diz Silva.