O ministro da Justiça, Tarso Genro, fez um apelo à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para que aponte onde estão os focos de corrupção no governo, quem são seus agentes e em quais setores da máquina estatal eles estão infiltrados. A declaração foi um comentário ao relatório da entidade segundo o qual o governo brasileiro promoveu avanços no combate à lavagem de dinheiro, mas deve ao mundo medidas legais mais duras e atitude pró-ativa contra a corrupção e a prática de suborno nos setores público e privado.
Segundo o ministro, nunca antes no Brasil se combateu tanto a corrupção e o crime organizado como atualmente, e o País não teme nenhuma auditoria de organismos externos, mas é preciso que haja colaboração. "O relatório deveria nos ajudar apontando as fontes geradoras de corrupção aqui dentro e lá fora. Poderia, por exemplo, fazer uma lista dos países que mais originam corrupção, pois não há corrupto sem corruptor", desafiou.
A OCDE avalia que o Brasil deveria reformar rapidamente sua legislação para fazer com que as empresas sejam diretamente responsáveis em casos de pagamento de suborno a funcionários públicos estrangeiros. Segundo a entidade, uma mudança das leis deveria assegurar que sanções efetivas e adequadas sejam aplicadas em casos de corrupção. Além disso, a OCDE apóia esforços para que todas as grandes companhias brasileiras publiquem seus resultados financeiros e adotem auditoria independente.
Segundo o ministro, a corrupção resulta de "uma dialética perversa" envolvendo o corrupto e o corruptor. "É preciso que os órgãos internacionais colaborem com o nosso esforço apontando os agentes da corrupção dentro do Brasil e onde há infiltração da corrupção na máquina estatal." Genro acrescentou que o País não teme uma investigação externa nessa área. "Estamos dispostos a colaborar e nos dispomos a ser auditados, se assim esses organismos desejarem".
Ele explicou que sua declaração não é uma resposta específica à OCDE, até porque o relatório "faz elogios a várias ações do governo", mas é uma referência às críticas de organismos externos em geral, que criticam o País de forma vaga e sem apontar sugestões concretas ou caminhos para solução dos problemas.