A geada dos últimos dias causou prejuízos para os agricultores paranaenses, principalmente na região Sudoeste. Segundo a engenheira agrônoma Vera Zardo, do Deral (Departamento de Economia Rural), o levantamento detalhado das perdas no campo levará alguns dias para ser concluído. Mas as informações preliminares coletadas pelos técnicos da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento apontam prejuízos nas plantações de trigo, feijão, fumo e hortaliças.

De acordo com o Deral, o produto mais afetado foi o trigo, principal cultura de inverno no Estado. Nos 27 municípios da região de Francisco Beltrão, no Sudoeste, cerca de 80% das lavouras estavam em fase crítica (emborrachamento e formação de grão). A área plantada soma 70 mil hectares, com estimativa de colher 140 mil toneladas de trigo. Na geada de julho, foram perdidos 20 mil toneladas na região de Francisco Beltrão.

“A geada de julho foi mais forte do que esta, porém o prejuízo foi menor porque foi um período seco. Agora, como choveu um dia antes da geada, havia muita umidade na parte aérea das plantas, castigando a cultura”, relata o técnico agrícola do Núcleo Regional do Deral em Francisco Beltrão, Antoninho Fontanella. Anteontem, a temperatura mínima chegou a 0,2.ºC e 4,6.ºC na relva.

Conforme o técnico do Deral em Francisco Beltrão, as perdas regionais com a geada são preocupantes, já que a cultura é mantida basicamente por pequenos produtores (cerca de 10 mil). “O pessoal visa rentabilidade”, assinala Fontanella. No ano passado, houve perda de 35% na colheita de trigo da região em função das geadas. Nos 57,8 mil hectares plantados, foram colhidos 78,8 mil toneladas. “É possível que a geada tenha causado o mesmo índice de perda, mas só saberemos isso na avaliação de campo que ficará pronta na semana que vem”, informa o técnico do Deral.

As geadas tiveram menos impacto nas plantações de trigo em Pato Branco, onde apenas 10% a 15% dos 40 mil hectares se encontrava em fase suscetível à perdas. Em Ponta Grossa, por causa do clima mais quente, 5% dos 115 mil hectares de lavouras estavam sujeitas a prejuízos.

Mais perdas

Outra cultura afetada foi o feijão. Na região de Francisco Beltrão, 5 mil dos 20 mil hectares previstos já tinham sido plantados, com estimativa de colher 28 mil toneladas. “Com certeza, as perdas são mais significativas que no trigo porque havia feijão em fase de germinação nas margens do rio Iguaçu, nos municípios de Capanema, Planalto, Realeza e Nova Prata do Iguaçu”, comenta Fontanella.

Também houve perdas no fumo. Na região de Francisco Beltrão, que responde por 20% do plantio estadual, 30 a 40% dos 11.500 hectares já estavam plantados. A previsão inicial era colher 22,5 mil toneladas. Nas hortaliças cultivadas na Região Metropolitana de Curitiba, os prejuízos não foram significativos, segundo Vera Zardo, em virtude da fraca intensidade das geadas.

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